Folha de S. Paulo


Índia e Paquistão anunciam que buscarão a paz através dos negócios

Os primeiros-ministros da Índia, Narendra Modi, e do Paquistão, Nawaz Sharif, destacaram sua condição de "parceiros de negócios" como caminho para alcançar a paz na região, durante seu primeiro encontro nesta terça-feira (27) em Nova Déli.

"Comentei com o primeiro-ministro Modi que ambos temos em comum uma agenda de desenvolvimento e de recuperação econômica, a qual é impossível conseguir sem paz e estabilidade na região", disse Sharif em entrevista coletiva após o encontro com seu colega indiano.

"O comércio é o caminho a seguir. Quando se investe em outros países, fortalece-se a paz, e a paz deveria ser irreversível", disse a secretária de Estado de Relações Exteriores da Índia, Sujatha Singh, ao comentar o ponto de vista de Modi a respeito.

Partha Sarkar/Xinhua
Premiê do Paquistão, Nawaz Sharif (esq.), cumprimenta premiê da Índia, Narendra Modi, em Nova Déli
Premiê do Paquistão, Nawaz Sharif (esq.), cumprimenta premiê da Índia, Narendra Modi, em Nova Déli

Modi tomou posse na segunda-feira (26) como primeiro-ministro após obter uma arrasadora vitória nas eleições gerais –283 das 543 cadeiras do parlamento indiano– graças a um discurso marcado pelo crescimento econômico e a sua fama de bom administrador em Gujarat, um dos Estados mais prósperos do país.

A reunião entre Modi e Sharif aconteceu por volta do meio-dia local na Casa de Hyderabad, no centro da capital indiana. Foi a segunda viagem oficial de um líder paquistanês nos últimos nove anos à Índia.

TERRORISMO

Modi pediu que Sharif atue para evitar os "ataques terroristas" que ativistas do país vizinho cometem na Índia, segundo o ministério indiano das Relações Exteriores.

Os dois líderes também discutiram temas como os ataques terroristas de Mumbai de 2008.

O comando terrorista que cometeu os atentados de Mumbai era formado por 10 pessoas procedentes do Paquistão, das quais nove foram mortas pelas forças de segurança após 60 horas de tiroteios, enquanto o único sobrevivente foi executado em 2012.

Modi classificou o julgamento no Paquistão sobre os ataques de Mumbai –que deixaram 166 mortos– como "lento demais", segundo o canal local "NDTV", e destacou que embora Déli deseje "relações pacíficas com o Paquistão", estas só se alcançarão "quando o terror e a violência terminem".

Para isso, Sharif pediu retomar a "declaração de Lahore", que o Paquistão e a Índia assinaram nessa cidade paquistanesa em 1999 e com a qual ambos países se comprometiam a estabelecer medidas de confiança recíproca para a prevenção de conflitos.

A reunião desta terça fez parte dos encontros de Modi com líderes dos outros sete países da Associação para Cooperação Regional do Sul da Ásia (Saarc), que estão em Nova Déli por ocasião da cerimônia da posse de Modi. O encontro com Sharif aconteceu depois que Modi se encontrou com o presidente afegão, Hamid Karzai, e com o cingalês, Mahinda Rajapaksa.

Índia e Paquistão protagonizaram três guerras desde 1947 e a desconfiança domina a relação entre os dois países, apesar de uma situação ter melhorado já no fim do mandato do antecessor de Modi, Manmohan Singh.


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