Folha de S. Paulo


Papa busca conciliação em visita à Terra Santa

A visita do papa Francisco ao Oriente Médio, prevista para começar neste sábado (24), deve durar menos do que três dias –mas, desde seu anúncio, o passeio papal abriu as portas para uma série de discursos políticos ao redor de toda a região.

Em especial em Israel, onde palestinos esperam do papa que condene a ocupação israelense da Cisjordânia, enquanto israelenses apostam na melhora das relações.

O pontífice, no entanto, peregrina à Terra Santa não para resolver disputas, mas para celebrar o 50º aniversário do aperto de mãos entre Paulo 6º e Atenágoras, patriarca de Constantinopla.

O encontro histórico aproximou Roma das igrejas ortodoxas, e é visto por isso como evento fundamental da relação entre os cristãos.

Os três dias de visita do papa Francisco devem paralisar o país, em especial Jerusalém, entre a segurança e o deslocamento de fiéis.

O padre palestino Johnny Abu Khalil, de Nablus, vai levar 50 cristãos de sua paróquia em um ônibus para assistir a uma missa papal em Belém. "Ele é um homem simples que simpatiza com as pessoas sob ocupação", diz à Folha. "A visita é especial."

Editoria de Arte/Folhapress

Khalil destaca, no cronograma do papa, o almoço com famílias palestinas. "Não são personalidades, mas pessoas que sofrem", diz. "Esperamos que ele diga a verdade [sobre o conflito]."

Oded Ben Hur, ex-embaixador israelense ao Vaticano, discorda. "Não acho que o termo 'ocupação' esteja no vocabulário do papa. Ele trará uma mensagem pela paz."

AGENDA

Ben Hur afirma que a visita de Francisco será uma nova pedra angular nas relações entre Israel e o Vaticano, em termos de fortalecer os laços entre ambos. "Temos de concordar com uma agenda, incluindo o combate ao antissemitismo e ao anticlericalismo", diz o ex-embaixador.

O israelense destaca, na agenda do papa, a cerimônia em que irá prestar homenagem no túmulo de Theodor Herzl, pai do sionismo.

O pesquisador Jeshua Schwartz afirma que parte da importância da visita do papa Francisco está na mensagem que sua vinda traz.

Especializado na relação de judaísmo e cristianismo, e ex-consultor do governo afirma que a decisão de visitar a região irá repercutir nos fiéis. "Não preciso que o papa venha, mas, para a média dos cristãos e dos judeus, será uma importante afirmação."


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