Folha de S. Paulo


Professores da Nigéria fazem greve por meninas sequestradas

Os professores da Nigéria realizaram uma greve nacional nesta quinta-feira (22) em protesto contra o sequestro de mais de 200 meninas pelo movimento radical islâmico Boko Haram, em 14 de abril passado. Os grevistas promoveram comícios em todo o país para cobrar a soltura das reféns e o governo, cuja ação é considerada insuficiente.

Militantes armados invadiram uma escola na cidade de Chibok e obrigaram cerca de 270 meninas a entrarem em caminhões. Mais de 50 delas conseguiram fugir, mas as demais continuam desaparecidas. Em vídeo, o Boko Haram reivindicou a autoria do ataque e afirmou que venderia as meninas "no mercado". O nome do grupo quer dizer "educação ocidental é pecado".

Em Maiduguri, capital do Estado de Borno, onde a insurgência é mais intensa, cerca de 40 docentes marcharam pelas ruas até o prédio do governo, vestidos de preto e cantando "tragam nossas meninas de volta". A mesma expressão, em inglês, ganhou uma hashtag (#bringbackourgirls) e virou campanha nas redes sociais que ganharam a participação, entre outras, da primeira-dama americana, Michelle Obama.

Em Lagos, capital comercial do país, um protesto reuniu 350 professores no parque Gani Fawehinmi. Um deles carregava um cartaz com os dizeres "vocês não nos intimidam".

O presidente do Sindicato Nacional de Professores da Nigéria, Micheal Alogba Olukoya, afirmou que o Boko Haram matou 173 professores nos últimos cinco anos. A organização cobra indenizações em nome das famílias.

O sindicato também solicitou que se proporcione um seguro tanto para os estudantes quanto para os professores nas zonas mais conflituosas do país, principalmente no norte, onde os fundamentalistas têm seu bastião.

Nesta quarta (21), o presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou o envio de 80 militares ao Chade, para auxiliar na busca pelas meninas.

O Boko Haram luta para impor a "sharia" ou lei islâmica na Nigéria, país de maioria muçulmana no norte e predominantemente cristã no sul.

Estimativas dão conta de que o grupo matou 5.000 pessoas desde que foi criado, em 2009.


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