Folha de S. Paulo


Três horas após lançamento, site de Yoani Sánchez é bloqueado em Cuba

O novo site de notícias da blogueira opositora cubana Yoani Sánchez, 14ymedio, foi bloqueado nesta quarta-feira (21) dos servidores cubanos três horas após ser lançado.

Ao visitar o site do primeiro jornal digital independente da ilha comunista pela rede cubana, o usuário era redirecionado para uma página chamada "Yoanislandia.com", que continha ataques contra Sánchez e incluía diversos artigos assinados por blogueiros aliados do regime comunista.

"Nascemos e já temos nosso primeiro "ataque" em redes digitais de #Cuba a URL http://14ymedio.com redirecionada para outro site", afirmou Sánchez.

Na parte "Quem somos" da página redirecionada, há fortes críticas à opositora. "Este é um site de pessoas fartas de que Sánchez se apresente como a Madre Teresa de Calcutá dos dissidentes cubanos".

No alto, são mostradas as bandeiras dos Estados Unidos e da União Europeia e páginas de meios de comunicação contrários ao regime cubano, como os jornais americano "Miami Herald" e espanhol "El País", onde Sánchez tem uma coluna.

Segundo a agência de notícias AFP, o redirecionamento começou por volta das 11h locais (12h em Brasília). No entanto, a página continua acessível em outros países, incluindo o Brasil.

Primeiro veículo de comunicação independente em 50 anos em Cuba, o portal 14ymedio foi lançado nesta quarta-feira em um desafio ao monopólio estatal sobre os meios de comunicação em um país onde o acesso à Internet é limitado.

A maioria dos cubanos não pode ler o jornal, uma vez que apenas 2,6 milhões de pessoas de uma população de 11,2 milhões têm acesso à internet e muitos só podem ver a Intranet controlada pelo governo.

Sanchéz, de 38 anos, é uma crítica severa do governo, contra o qual promoveu ataques em seu popular blog Geração Y e também em sua conta da rede social Twitter. Seus posicionamentos a levaram à prisão em várias ocasiões.

PUBLICAÇÃO

O jornal 14ymedio.com foi lançado online com doações não identificadas de cerca de 150 mil dólares, com o foco em dar espaço para críticas ao governo.

A primeira edição do jornal conta com uma ampla gama de temas, de política a cultura, com ênfase na crítica ao sistema de saúde cubano e um questionamento do status do beisebol como esporte nacional.

O nome do jornal é em homenagem ao ano em que foi criado e ao andar do apartamento onde Yoani vive. A equipe editorial é dirigida por seu marido, Reinaldo Escobar.

A equipe inclui outros profissionais. Além de dois jornalistas, há um dentista, um engenheiro civil e outros. De acordo com Sanchéz, eles não serão pagos pelo trabalho.

A publicação não tem uma redação em Havana ou conexão de e-mail. Os jornalistas vão usar mensagens de texto de telefones celulares. As histórias serão enviados para a Internet através de acesso sem fio a partir de hotéis e locais públicos.


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