Folha de S. Paulo


Futuro premiê indiano se emociona no primeiro discurso no Parlamento

Narendra Modi se emocionou no seu primeiro discurso no Parlamento da Índia nesta terça-feira (20), depois que o nacionalista hindu chegou ao poder em uma eleição que mudou a cara da política no país.

Modi será o próximo primeiro-ministro indiano depois de levar o partido Bharatiya Janata (BJP) a uma vitória histórica, encerrada na última sexta-feira (16). Ele deve fazer o juramento para tomar posse como líder da maior democracia do mundo na próxima segunda-feira.

A vitória deu ao BJP a sua primeira maioria parlamentar e reduziu o governista Partido do Congresso a 44 assentos, a menor representação para uma legenda que conquistou a independência da Índia e governou durante a maior parte dos 67 anos transcorridos desde então.

Partha Sarkar/Xinhua
Futuro primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, discursa no Parlamento
Futuro primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, discursa no Parlamento

Modi, de 63 anos, engasgou e interrompeu seu discurso para tomar um copo de água durante a sua primeira aparição no edifício colonial do Parlamento.

Ele se dirigiu aos legisladores do BJP, que preenchiam mais da metade das cadeiras da Câmara dos Deputados, com palavras inspiradoras que comentaristas imediatamente contrastaram com os pronunciamentos frequentemente rígidos do seu antecessor, Manmohan Singh.

"É a prova da força da nossa Constituição que um homem de família pobre esteja aqui hoje", disse Modi, que vendia chá na plataforma de uma estação de trem na infância. Nos últimos 12 anos, ele governou o Estado de Gujarat.

"Este governo (será) um que pensa nos pobres, que ouve os pobres, um governo que vive para o povo", declarou Modi, que beijou os degraus do edifício do Parlamento antes de discursar.

Sob aplausos retumbantes e gritos de "Longa vida a Modi!", os 282 parlamentares do BJP, que tem uma maioria confortável no Parlamento de 543 assentos, oficializaram o premiê como seu líder parlamentar, uma das várias formalidades antes da posse.

Modi evitou críticas ao Partido do Congresso, dizendo que todos os governos da Índia trabalharam para o bem da nação.

O presidente do partido, Rajnath Singh, foi menos conciliador, dizendo que a vitória de Modi significa que o BJP substituiu o Partido do Congresso como partido natural do governo na Índia.

Os Estados Unidos, que quer reforçar o que chama de relação "estratégica" com a Índia, parabenizou Modi.

"Os Estados Unidos estão prontos para trabalhar estreitamente com o primeiro-ministro Modi eo novo governo para promover a prosperidade comum e fortalecer a nossa segurança", disse o secretário de Estado americano John Kerry em um comunicado, acrescentando que estava ansioso para visitar a Índia em breve.

CRÍTICAS

Os seus comentários pareceram calculados para se contrapor às críticas de que seu governo, voltado aos negócios e ao rápido crescimento econômico em Gujarat, não fez o bastante para tirar as pessoas da pobreza.

O partido do Congresso tem tradicionalmente se apresentado como defensor dos pobres e oprimidos da Índia.

Modi enfrenta uma dura tarefa para satisfazer as expectativas imensas de 1,2 bilhão de indianos, que esperam que ele tire o país da paralisação econômica, lide com a corrupção e reduza a burocracia para criar empregos suficientes para o grande número de jovens que chegam ao mercado de trabalho.

Modi era governador de Gujarat durante o massacre de 2002, que levou à morte de mais de mil pessoas, na maioria muçulmanos. Ele foi acusado de ter incitado hindus à violência contra os islâmicos. Uma equipe de investigação inocentou Modi, mas muitos a questionaram. O candidato desperta temores em boa parte dos 138 milhões de muçulmanos indianos. Ele foi hostilizado por outros países após o massacre de Gujarat e os EUA cassaram seu visto.


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