Folha de S. Paulo


Israel suspende negociações com Autoridade Palestina após acordo com Hamas

O gabinete de segurança israelense decidiu, após reunião de emergência em Jerusalém, suspender imediatamente as negociações de paz com a Autoridade Nacional Palestina.

A medida israelense vem como resposta ao anúncio, feito ontem, do acordo de reconciliação política entre as facções palestinas Fatah e Hamas, após anos de divisão.

Israel considera o Hamas como uma facção terrorista e, como tal, inadequada às negociações de paz.

As conversas entre Israel e Autoridade Nacional Palestina iriam expirar, de qualquer maneira, na terça-feira, após terem sido renovadas no ano passado com mediação diplomática americana. Estagnadas, as negociações não tinham previsão de ser prolongadas.

A liderança palestina aponta a responsabilidade israelense no desmoronamento das conversas pela paz, a partir da contínua construção de assentamentos na Cisjordânia e do não cumprimento da libertação de prisioneiros palestinos, como havia sido acordado anteriormente.

O governo de Israel, por sua vez, critica a recusa palestina em reconhecer o Estado israelense como "judaico", uma de suas reivindicações. Além disso, aponta a aproximação com o Hamas como um sério obstáculo.

"Talvez eles queiram que as negociações falhem", afirma à Folha um porta-voz da chancelaria israelense. "É um grande desapontamento."

"Em vez de escolher a paz, [o presidente palestino Mahmoud Abbas] formou uma aliança com uma organização terrorista assassina que pede a destruição de Israel", afirmou mais cedo Binyamin Netanyahu, premiê israelense.

Havia sido anunciado anteriormente pela liderança do Fatah, porém, que o governo de unidade a ser formado com o Hamas reconheceria Israel e se comprometeria com a solução de dois Estados para o conflito árabe-israelense. O Hamas não confirma.

Fatah e Hamas estão divididos após um violento conflito em 2007. Hoje, Fatah tem o poder na Cisjordânia, e Hamas, em Gaza.

Procurados pela reportagem da Folha, a Autoridade Nacional Palestina e o Hamas não responderam ao pedido de entrevista a respeito da suspensão nas negociações.


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