Folha de S. Paulo


Rússia ameaça responder caso seus interesses na Ucrânia sejam atacados

O ministro do exterior russo prometeu nesta quarta-feira uma resposta firme caso cidadãos ou interesses de seu país forem atacados pela Ucrânia, no mesmo dia em que o país retomou sua operação antiterrorista contra militantes pró-russos do leste.

Sergei Lavrov declarou ao canal de notícias Russia Today, financiado pelo Kremlin, que um ataque contra cidadãos russos representa um ataque contra a Rússia.

"Se nossos interesses ou os interesses dos russos forem atacados diretamente, como foram na Ossétia do Sul, não vejo outra maneira a não ser responder de pleno acordo com as leis internacionais", disse, referindo-se ao território separatista da Geórgia para onde Moscou enviou tropas em 2008.

A Rússia justificou sua intervenção na Crimeia, península anexada por Moscou, afirmando que precisava defender os moradores de etnia russa da região. A declaração de Lavrov, portanto, levanta suspeitas sobre se os russos enviarão tropas ao leste da Ucrânia.

A Otan denuncia que a Rússia concentra cerca de 40 mil soldados em suas fronteiras com o leste ucraniano.

Já os Estados Unidos anunciaram a mobilização de tropas na região. Uma companhia de 150 soldados baseada na Itália chegou à Polônia nesta quarta e outros 450 soldados serão enviados à Estônia, Lituânia e Letônia.

A operação antiterrorista da Ucrânia para desocupar delegacias de polícia e edifícios do governo em pelo menos 10 cidades do leste foi retomada após a trégua de Páscoa, quando foram encontrados os corpos de duas pessoas supostamente sequestradas pelos insurgentes pró-russos. Um deles era de Volodymyr Rybak, membro do mesmo partido que o presidente interino da Ucrânia.

Para Lavrov, a decisão de Kiev é orquestrada pelos Estados Unidos, já que na terça (23) o vice-presidente norte-americano Joe Biden visitou a capital ucraniana para apoiar o governo pró-Ocidente.

Ambos lados se acusam de descumprir o acordo assinado semana passada –que envolve também a União Europeia e a própria Ucrânia– que prevê o desarmamento dos grupos ilegais e a desocupação dos prédios públicos, tanto pelos partidários pró-ocidentais em Kiev quanto pelos separatistas do leste.

ANTITERROR

O Ministério do Interior da Ucrânia informou nesta quarta que expulsou separatistas armados da cidade de Sviatogorsk, que estava tomada pelos rebeldes, e que não houve feridos.

O local fica a 20 quilômetros de Slaviansk, onde militantes pró-russos confirmaram ter sequestrado Simon Ostrovsky, jornalista americano que trabalha para o site Vice News.

O prefeito separatista de Slaviansk, Vyacheslav Ponomaryov, disse que o jornalista foi detido por reportar falsas informações, mas que estava sendo bem tratado.

"Ele está bem e em um local limpo. Não é nosso refém, mas nosso convidado. Nós só demos a ele um lugar para residir", disse.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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