Folha de S. Paulo


Capitão de navio sul-coreano diz que mar revolto impediu retirada

O capitão do navio que naufragou na Coreia do Sul na última quarta (16) disse neste sábado que não pediu aos passageiros que deixassem a embarcação pela falta de barcos que pudessem resgatá-los e devido ao mar revolto.

Para as autoridades, a decisão de Lee Joon-seok, 68, de atrasar a retirada das 476 pessoas a bordo pode ter provocado um maior número de mortes no naufrágio. Pelo menos 46 pessoas morreram e outras 255 estão desaparecidas.

Kimimasa Mayama/Efe
Familiares das vítimas de naufrágio se consolam em ginásio de esportes em Jindo, na Coreia do Sul
Familiares das vítimas de naufrágio se consolam em ginásio de esportes em Jindo, na Coreia do Sul

Em entrevista, o capitão voltou a pedir desculpas às vítimas e disse que, no momento do naufrágio, era forte a correnteza e baixa a temperatura da água. A tripulação ordenou que os passageiros permanecessem no navio, mesmo com a embarcação afundando.

"Acreditava que, se as pessoas abandonassem o navio, mesmo se estivessem usando coletes salva-vidas, elas seriam levadas pela correnteza e passariam por outras dificuldades. Os barcos de resgate não haviam chegado e não havia nenhuma outra embarcação perto".

Quando a ordem de retirada foi feita, a embarcação estava muito inclinada para que os passageiros tivessem tempo para sair da embarcação. O capitão foi indiciado hoje por homicídio culposo, negligência e abandono do navio.

O promotor responsável pelo caso, Yang Jung-jin, disse que, no momento do acidente, o capitão não estava na sala de controle e o navio era conduzido por uma timoneira. Segundo Yang, a embarcação virou no momento em que fazia uma curva mais acentuada em sua rota à ilha de Jeju, no sul da Coreia do Sul.

Os investigadores afirmam que essa curva pode ter sido feita de forma muito acentuada pela timoneira, que tinha só seis meses de experiência e não era acompanhada por um tripulante mais experiente.

Eles também investigam se o navio estava em alta velocidade. A timoneira e outros três tripulantes também foram presos juntos com o capitão e transferidos para Jindo, ilha próxima ao local do acidente.

RESGATE

Neste sábado, mergulhadores encontraram três corpos dentro de uma das cabines submersas do navio, mas não puderam quebrar o vidro para retirá-los. Embora tenham se passado três dias desde o acidente, equipes de resgate ainda esperam encontrar sobreviventes.

Enquanto isso, familiares dos desaparecidos forneceram material genético para ajudar na identificação dos corpos encontrados. A maioria dos passageiros pertencia era de alunos de uma escola de Ansan, perto da capital Seul, que iam passar férias em Jeju.

As autoridades enviaram navios com guindastes para levantar o navio, a fim de facilitar as buscas pelos corpos e evitar vazamento de combustível. Também foram levadas ao local 23 embarcações para ajudar a limpar os restos de óleo que estão na superfície.


Endereço da página: