Folha de S. Paulo


Nicolás Maduro anuncia nova ofensiva econômica na Venezuela

O presidente Nicolás Maduro anunciou que, a partir do dia 22 de abril, haverá uma nova ofensiva do governo na "guerra econômica" pela qual passa a Venezuela. O programa foi batizado de PAP -Produção e Abastecimento Pleno.

Não foram divulgados detalhes do programa que, segundo o "El Universal", ainda será desenhado pela equipe econômica do governo.

Maduro disse que o PAP terá características distintas das medidas implementadas em novembro de 2013.

Na ocasião, tentando combater a inflação anualizada que ultrapassava os 50%, o presidente ampliou o tabelamento de preços no país e centralizou as importações estatais e privadas.

O índice de escassez de alimentos básicos na Venezuela chegou a 60,2% em março, reportou ontem o "El Universal", que se baseou em pesquisas do instituto Datanálisis. No balanço do primeiro trimestre de 2014, a média desse índice foi de 52%.

Esse número é medido com base na presença de produtos nas prateleiras -quanto mais próximo de 100%, maior é a escassez. O último índice divulgado pelo Banco Central foi de 28%, em janeiro.

O Datanálisis também perguntou a cerca de 1.300 pessoas o que elas consideravam o principal problema da Venezuela. Quase 22% indicaram o custo de vida; 19% o desabastecimento de alimentos; 4,5% o desemprego e 2,8% a crise econômica. O principal problema relatado há um ano, a insegurança e a delinquência, foi de 57% para 40%.

Mais tarde, no que pode sinalizar as medidas que farão parte do PAP, Maduro disse que seu governo trabalha em uma "revolução fiscal" que converterá a riqueza do país em educação, saúde, moradia, alimentos e transporte.

REUNIÃO

Aconteceria, na terça, a segunda reunião entre o governo e a oposição, mediada pelo embaixador do Vaticano no país e por três chanceleres da Unasul, entre eles o brasileiro Luiz Alberto Figueiredo. Desde fevereiro, protestos já deixaram 41 mortos e centenas de feridos na Venezuela.

Diferentemente do primeiro encontro, realizado na última quinta e televisionado, o de terça seria a portas fechadas. Jorge Arreaza, vice-presidente venezuelano, iria representar o governo.

Segundo o "El Universal", a oposição iria entregar na reunião um projeto de uma comissão independente para investigar e apontar culpados pelas mortes nos protestos. Ela também pede que os ativistas presos sejam libertados. O governo, por sua vez, vem pregando um tom conciliatório, mas não parece disposto a fazer grandes concessões.

Parte da oposição boicota o diálogo, dizendo que ele é uma manobra para arrefecer as críticas internacionais à repressão do governo Maduro contra manifestantes.


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