Folha de S. Paulo


Afeganistão inicia eleição que escolherá sucessor do presidente Karzai

As seções eleitorais abriram suas portas neste sábado no Afeganistão, às 7h locais (23h30 de sexta-feira em Brasília), para o primeiro turno da votação que elegerá o sucessor do presidente Hamid Karzai.

Sob fortes medidas de segurança e a ameaça dos rebeldes talebans, os primeiros eleitores enfrentaram a chuva em Cabul para depositar seu voto nas urnas, constatou a agência AFP na capital afegã.

A eleição vai designar o sucessor de Karzai, o único presidente do país desde a queda dos talebans e que, segundo a Constituição, não pode disputar um terceiro mandato.

Os resultados preliminares do primeiro turno serão divulgados no dia 24 de abril. O eventual segundo turno está previsto para 28 de maio.

Shah Marai/AFP
Mulheres de burca votam em Cabul, durante eleição que irá eleger o sucessor do presidente Hamid Karzai
Mulheres de burca votam em Cabul, durante eleição que irá eleger o sucessor do presidente Karzai

A votação é considerada um teste sobre a estabilidade do Afeganistão e a solidez de suas instituições antes da retirada, até o fim do ano, das forças da Otan.

Entre os favoritos das eleições estão Zalmai Rasul, ex-ministro das Relações Exteriores, Ashraf Ghani, um economista de grande reputação, e Abdullah Abdullah, líder da oposição que ficou em segundo lugar na votação de 2009.

O enviado especial da ONU em Cabul, Jan Kubis, avaliou que esta eleição foi "muito melhor preparada" do que a última, em 2009, uma votação caótica marcada por fraudes maciças que levaram à reeleição contestada de Karzai.

Kubis destacou que a presença de uma "avalanche" de observadores afegãos é um elemento positivo para a credibilidade da eleição, apesar da redução do número de observadores internacionais devido à violência.

Neste sentido, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, considerou "crucial" que a eleição seja "crível, inclusiva e transparente".

"Em apenas três dias, o povo afegão expressará seu voto nas eleições presidencial e provincial. Trata-se de um momento-chave para o Afeganistão", declarou Rasmussen.

O secretário-geral reafirmou o "compromisso" da Otan no Afeganistão, mas repetiu que se Cabul não assinar o acordo de segurança bilateral com os Estados Unidos, "não haverá missão" para suceder a Isaf, cujo mandato expira no fim do ano.

A Otan continua a liderar a operação de treinamento das forças afegãs e continuará "a missão anti-terrorista" contra a Al-Qaeda.

Washington aguarda o sucessor do presidente afegão para assinar o acordo que prevê a manutenção de 10 mil soldados até o final de 2016 no Afeganistão.


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