Um novo terremoto, de magnitude 7,6, atingiu na noite de quarta-feira (2) o extremo norte do Chile, gerando um novo alerta de tsunami, informou Serviço Hidrográfico e Oceanográfico da Marinha do Chile (Shoa). O tremor ocorre um dia após outro forte abalo, de magnitude 8,2, atingir a mesma região, deixando ao menos seis mortos e forçando mais de 900.000 pessoas a deixarem suas casas.
O terremoto ocorreu às 23h43 e seu epicentro foi situado 20 km ao sul da cidade de Iquique. "De acordo com a magnitude, há um alerta de tsunami" para todo o litoral chileno, revela o site do Shoa.
Após o alerta de tsunami, a população das localidades costeiras foram retiradas de suas casas, especialmente em Arica, Iquique e Antofagasta, as cidades mais atingidas pelo terremoto e tsunami da noite de terça-feira.
Ricardo Toro, diretor do Bureau Nacional de Emergência (Onemi), informou que uma onda atingiu algumas localidades da costa.
"Foi um tsunami de caráter menor e não tem características destrutivas", explicou Toro, acrescentando que a onda atingiu a costa minutos depois nas regiões de Arica, Iquique e Antofagasta, com cerca de um metro.
Os habitantes das cidades de Arica e Iquique foram alertados pelas sirenes e abandonaram suas casas nas zonas costeiras, seguindo para as regiões mais elevadas.
Não há informações sobre vítimas ou danos materiais provocados pelo tremor desta quarta-feira.
| Xinhua | ||
 |
||
| Moradores de Iquique se dirigem a zonas de segurança após novo terremoto atingir o norte do Chile |
A presidente chilena, Michelle Bachelet, que vistoriava os danos causados em Arica (2.100 km ao norte de Santiago) pelo tremor da véspera, foi levada para a parte alta da cidade.
"As pessoas estão tranquilas, mas seguem prevenidas e andam com alguma coisa no bolso para comer" para o caso de novas evacuações, disse Bachelet na sede da Onemi em Arica.
No Peru, a Marinha emitiu um alerta de tsunami para a região costeira do sul do país, de Atico (província de Arequipa) até Tacna (na fronteira com o Chile).
Segundo a Marinha, uma onda de 43 centímetros atingiu o porto de Ilo às 22h18 locais (24h18 de Brasília) de quarta-feira.
RÉPLICAS
Ao menos 12 réplicas atingiram a região norte do Chile após o forte tremor da noite de quarta-feira.
As réplicas oscilaram entre as magnitudes 3,8 e 5,4 em um período de menos de duas horas, entre as 23h56 e 1h17 locais, segundo o site do Serviço Sismológico da Universidade do Chile.
DANOS
O novo terremoto ocorre no momento em que milhares de chilenos avaliam os danos causados pelo tremor da véspera, no qual também foram retirados de suas casas por alerta de tsunami.
No porto de Iquique, cidade mais próxima dos epicentros dos dois terremotos, quase 80 embarcações ficaram avariadas e outras foram arrastadas após o tremor de terça-feira.
"Com essa catástrofe, não podemos fazer nada, ficamos parados e esperamos a ajuda para recuperar nossas embarcações", disse Eddy Varas, um dos pescadores, durante o dia.
O mar avançou quase 200 metros, segundo o governo de Iquique, e inundou avenidas da cidade.
BACHELET
Muito criticada por sua reação ao terremoto de 2010, que deixou mais de 500 mortos no Chile, desta vez Bachelet reagiu com prontidão, decretou zona de catástrofe nas regiões de Arica e Tarapacá, e enviou dois chefes das Forças Armadas para "assumir o comando da ordem pública e evitar situações de saque e de desordem".
A presidente chegou pela manhã em Iquique para supervisionar a situação e visitar as zonas afetadas.
Por ser um dos países com maior atividade sísmica do mundo ao se localizar em uma falha geológica, o Chile conta com altos padrões em construção antissísmica, e treina periodicamente sua população com simulações.
"Todo o Chile aprendeu com os diferentes desastres. Cada um deles vai deixando alguns aprendizados", declarou o ministro de Obras Públicas, Alberto Undurraga, durante a quarta-feira.
Há anos os sismólogos advertiam sobre um eventual terremoto na região norte do país, pelo acúmulo de energia durante um longo período.
Nas últimas semanas, vários tremores vinham sendo registrados na região.