Folha de S. Paulo


Alerta de tsunami é cancelado para Chile e Peru

A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA, sigla em inglês) cancelou na madrugada desta quarta-feira o alerta de tsunami emitido para Chile, Peru e outros países com litoral no Oceano Pacífico, mas mantém um aviso para o Havaí, depois do terremoto de magnitude 8,2 que atingiu o norte do Chile na noite de ontem.

"Com base nos dados disponíveis não é esperado um grande tsunami no estado do Havaí. No entanto, o nível do mar está mudando e podem ocorrer fortes correntes ao longo do litoral que podem ser perigosas para nadadores e embarcações, assim como para as pessoas que estejam próximas do mar", informou a NOAA em seu site.

A agência americana tinha emitido após o terremoto no Chile um alerta de tsunami para Chile, Peru e Equador, assim como um aviso para Colômbia, Panamá, Costa Rica, Nicarágua e El Salvador.

As equipes do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, sigla em inglês) mediram em um primeiro momento o tremor com magnitude 8, mas depois aumentaram para 8,2 e vão emitir boletins a cada hora para explicar o desenvolvimento do alerta, que estará vigente até que se especifique o contrário.

No Chile, o Escritório Nacional de Emergências (Onemi) cancelou o alerta de tsunami que ainda estava em vigor para ao norte do país. "Está cancelado em todo o país o alarme de tsunami", anunciou o ministro do Interior, Rodrigo Peñailillo.

SEIS MORTOS

Editoria de Arte/Folhapress

O terremoto provocou seis mortes, segundo Peñailillo, e mais de 900.000 pessoas chegaram a abandonar suas casas na terça-feira à noite nas costas do Chile, de 4.329 quilômetros, pelo risco de tsunami. Os moradores começaram a retornar depois de passar mais de oito horas afastados de suas residências.

No entanto, o governo defendeu a manutenção das medidas de precaução durante as próximas horas, já que estão previstas variações de 0,3 metro a até um metro sobre o nível médio do mar para Arica, Pisagua, Iquique, Patache, Tocopilla e Mejillones.

O ministro também elevou o número de mortes provocadas pelo terremoto, de cinco para seis vítimas.

"Lamentavelmente tenho que comunicar que há uma sexta pessoa falecida, uma mulher. Segundo informações preliminares, a morte foi provocada por uma queda", disse Peñailillo.

Mais cedo, Peñalillo havia anunciado a morte de cinco pessoas, quatro homens e uma mulher, em Iquique e Alto Hospicio, por infarto e em desabamentos.

ZONA DE CATÁSTROFE

O tremor –às 20h46 (mesmo horário de Brasília) e duração de dois minutos– afetou as regiões chilenas de Arica, Iquique e Antofagasta, 1.800 km ao norte de Santiago.

A presidente chilena, Michelle Bachelet, declarou a região "zona de catástrofe" e informou que visitará os locais afetados nesta quarta-feira para supervisionar as medidas adotadas.

O epicentro do terremoto foi localizado no mar, 89 km ao sudoeste de Cuya, em Iquique, com uma profundidade de 38,9 km, segundo o Centro Sismológico Nacional da Universidade do Chile.

"Um balanço total dos danos será divulgado quando for possível percorrer durante o dia as zonas afetadas", disse a presidente em um discurso na televisão.

Honduras e Peru também emitiram alertas de tsunami. A Nicarágua ativou a vigilância, enquanto o Equador decretou alerta vermelho no arquipélago de Galápagos, a 1.000 km do continente, e amarelo na costa do país.

ERRO DE BACHELET

Bachelet adotou imediatamente desta vez a decisão de decretar zona de catástrofe e enviar as Forças Armadas para a região afetada, com o objetivo de manter a ordem e a segurança, e evitar assim possíveis saques, como aconteceu depois do terremoto de 2010.

Naquele ano, o Chile sofreu um terremoto de 8,8 graus de magnitude seguido por um tsunami no centro-sul do país. A tragédia deixou mais de 500 mortos e provocou danos de 30 bilhões de dólares, além de cenas de caos, com vários dias de saque.

Na época, o governo de Bachelet, que encerrava o primeiro mandato como presidente, descartou um alerta de tsunami por informações técnicas equivocadas. Muitas pessoas retornaram para suas casas e faleceram arrastadas pelas ondas.

Pelo menos 17 tremores secundários foram registrados e as autoridades advertiram para a possibilidade de novos fenômenos nos próximos dias. As primeiras ondas do tsunami atingiram altura máxima de 2,26 metros na localidade de Pisagua, quase 2.000 km ao norte de Santiago.

O terremoto provocou danos na torre de controle do aeroporto de Iquique e os voos para as três capitais do norte, Antofagasta, Iquique e Arica, foram cancelados. Também foram registrados acidentes na estrada que liga Iquique ao resto do país e cortes de luz em Arica.

Mas os serviços básicos de comunicação e água potável não sofreram danos. As Forças Armadas foram mobilizadas em Iquique "como medida preventiva" para colaborar com a polícia.

Pelo Twitter, a presidente Dilma Rousseff prestou sua solidariedade ao Chile devido ao tremor e se colocou à disposição das autoridades chilenas para oferecer ajuda em "todo o que for possível".


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