Folha de S. Paulo


Chanceler brasileiro integrará comissão de diálogo na Venezuela

Por meio de seu ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, o Brasil fará parte de uma comissão que irá intermediar o diálogo entre a oposição e o governo da Venezuela.

Segundo a imprensa venezuelana, fontes diplomáticas do país informaram que os chanceleres do Brasil, do Equador, Ricardo Patiño, e da Colômbia, María Ángela Holguín, formarão o grupo.

O vice-presidente venezuelano, Jorge Arreaza, disse que o governo criará um Conselho Nacional de Direitos Humanos, ligado à Presidência.

A medida foi sugestão dos chanceleres da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), que se reuniram nesta semana em Caracas para discutir a situação do país.

Arreaza disse que a proposta surgiu de uma conversa direta entre Nicolás Maduro e a chanceler colombiana, que disse ao presidente venezuelano que em seu país existe um órgão semelhante, chefiado pelo vice-presidente.

Em nota emitida nesta quinta, a Unasul informou que, "para dar continuidade ao processo iniciado", uma comissão de chanceleres irá se reunir nos próximos dias.

Os EUA informaram que já estão pensando em sanções contra a Venezuela, caso não sejam dadas as condições para um diálogo profundo que resolva a crise no país e se não for aberto um espaço democrático para que a oposição se manifeste.

As declarações foram dadas pela subsecretária de Estado dos EUA responsável pela América Latina, Roberta Jacobson.

Apesar de considerar as sanções um "recurso extremo", Jacobson disse que elas poderiam ser "uma ferramenta muito importante se as possibilidades de diálogo entre o governo e seus adversários se estancarem".

"Claro que temos que pensar nisso [sanções]. E estamos pensando nisso", disse a diplomata em uma videoconferência com jornalistas.

Ela não especificou quais seriam os tipos de punições, mas advertiu que os EUA avaliam apenas o uso de medidas pacíficas, que não incluem uma ação militar.

Ela acrescentou ainda que, antes das possíveis sanções, Washington buscará um acordo "interamericano", apesar de as propostas dos EUA para a crise venezuelana terem sido recentemente bloqueadas pela maioria dos países da OEA (Organização dos Estados Americanos).

Há duas semanas, o secretário de Estado, John Kerry, já havia advertido para a possibilidade de o país adotar sanções contra a Venezuela.

O senador republicano Marco Rubio, da Flórida, disse que irá propor sanções específicas contra empresas e indivíduos relacionados ao governo de Maduro, "para que saibam que há consequências pelo que acontece na Venezuela".

Os protestos na Venezuela já deixaram 36 mortos desde o dia 12 de fevereiro.


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