Folha de S. Paulo


EUA marcam reunião de emergência do G7 e criticam Rússia por anexar Crimeia

O presidente americano, Barack Obama, convocou os líderes aliados do G7 para um encontro de emergência em Haia na próxima semana para discutir uma resposta à anexação da Crimeia, até então parte da Ucrânia, ao território russo. O Ocidente condenou a anexação, feita após aprovação em referendo na Crimeia no último fim de semana, como ilegal.

A reunião vai acontecer durante o encontro sobre segurança nuclear em Haia do qual Obama pretende participar, segundo a porta-voz do Conselho Nacional de Segurança da Casa Branca, Caitlin Hayden. O G7 inclui os EUA, Alemanha, Reino Unido, Canadá, França, Japão e Itália. A União Europeia também foi convidada.

A convocação foi anunciada pouco depois de o presidente russo, Vladimir Putin, assinar um tratado para a incorporação da Crimeia na Federação Rússia, em cerimônia no Kremilin, em Moscou.

"O encontro será focado na situação da Ucrânia e nos próximos passos que o G7 irá tomar para responder ao que aconteceu [a anexação da Crimeia] e apoiar a Ucrânia", disse Hayden

Os líderes do G7 já haviam suspendido as preparações para o encontro do G8, que inclui a Rússia, marcado para junho em território russo, por causa da situação na Ucrânia. Segundo a revista alemã "Der Spiegel", a cúpula será transferida de Sochi a Londres.

ENTENDA

'CONFISCO DE TERRITÓRIO'

O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, condenou nesta terça-feira as ações da Rússia na Crimeia, que chamou de "confisco de território", e ameaçou Moscou com novas sanções.

"A Rússia alinhou todo um leque de argumentos para justificar o que não é nada mais que um confisco de território", declarou Biden em Varsóvia, em uma resposta ao discurso do presidente russo, Vladimir Putin, que acabara de anunciar em Moscou a assinatura de um tratado para incorporar a península da Crimeia à Rússia.

"O isolamento político e econômico da Rússia só pode aumentar se continuar por este caminho e verá, de fato, novas sanções dos Estados Unidos e da UE", completou Biden, em uma entrevista coletiva conjunta com o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk.

"Nos unimos à comunidade internacional na condenação do contínuo ataque à soberania e à integridade territorial da Ucrânia e da violação do direito internacional por parte de Putin", completou.

REINO UNIDO

O ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, anunciou simultaneamente que Londres decidiu suspender a cooperação militar com a Rússia.

"Suspendemos toda a cooperação militar", declarou o chefe da diplomacia britânica aos deputados.

Ele explicou que a medida é aplicada sobretudo às licenças de exportação, à elaboração de um acordo de cooperação militar técnica, a um exercício naval previsto para este ano em conjunto com França e Estados Unidos, assim como às visitas de autoridades militares.

ALEMANHA

A chanceler alemã, Angela Merkel, insistiu nesta terça-feira na "ilegalidade" do referendo da Crimeia. Contudo, minimizou os atritos entre as oito nações mais poderosas do mundo ao ressaltar que a Rússia continua sendo membro do G8 e a suspensão é válida somente para a cúpula prevista inicialmente para Sochi.

"Não foi adotada nenhuma decisão a respeito", respondeu Merkel, em um comparecimento junto ao primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, a uma pergunta sobre a suposta iminente expulsão da Rússia do G8.

"Os preparativos para a cúpula do G8 foram suspensos. Fora isso, não há novidades no estado dessa questão", disse a chanceler.

A chanceler insistiu em sua consideração de que o referendo da Crimeia foi "ilegal", do ponto de vista do direito internacional, mas também em que mantém aberta a via do diálogo com Moscou porque a diplomacia é "a única solução possível".


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