Folha de S. Paulo


Atentado de Lockerbie foi ordenado por iranianos, diz Al Jazeera

O atentado de Lockerbie contra um avião da Pan American (Pan Am), que em 21 de dezembro completou 25 anos, teria sido ordenado pelo Irã e executado por um grupo terrorista palestino baseado na Síria, segundo informações da rede de TV do Qatar Al Jazeera.

O pior desastre aéreo da história britânica ocorreu sobre a cidade escocesa de Lockerbie, quando o avião explodiu em 21 de dezembro de 1988 matando as 259 pessoas a bordo do Boeing 747 e 11 moradores.

Os documentos obtidos pela Al Jazeera, e verificado por segurança e juristas, aponte para o envolvimento do serviço secreto do Irã, do Hizbullah e da Frente Popular para a Libertação da Palestina - Comando Geral (FPLP- CG).

Roy Letkey - 22.dez.1988/AFP
Foto de arquivo dos destroços do avião em Lockerbie tirada em 22 de dezembro de 1988
Foto de arquivo dos destroços do avião em Lockerbie tirada em 22 de dezembro de 1988

A investigação descobriu que o atentado foi uma resposta ao ataque ao voo 655 da Iran Air pelo navio USS Vincennes em julho de 1988 que matou 290 pessoas.

"A execução da operação foi contratada para Ahmad Jabril, líder da Frente Popular para a FPLP-CG e o dinheiro foi dado adiantado a Jabril em Damasco para as despesas iniciais. A missão era explodir um voo Pam-Am ", segundo informações confidenciais da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA obtidos pelo Al Jazeera.

Até o momento o atentado havia sido atribuído à Líbia. Mas o ex-agente da inteligência iraniana, Abolghassem Mesbahi, que vive sob proteção, contou pela primeira vez publicamente que o ataque havia sido ordenado pelo Irã, segundo informações da agência Ansa.

O ex-agente também afirmou que a bomba plantada no avião foi colocada no aeroporto de Heathrow, em Londres, e não em Malta como se acreditava anteriormente.

VERSÃO OFICIAL

Em 21 de dezembro de 1988, o voo 103 partiu do aeroporto de Frankfurt e fez uma escala em Heathrow, antes de seguir para os EUA.

A detonação de uma bomba com explosivos plásticos que pesavam apenas 400 gramas provocou a destruição do avião, cujos destroços se espalharam em uma área de 130 quilômetros na região de Lockerbie.

As vítimas foram, em sua maioria, cidadãos americanos que voltavam das férias, o que o tornou o atentado mais devastador contra civis americanos antes do ocorrido em 11 de setembro de 2001.

Em princípio, as suspeitas recaíram sobre o IRA (Exército Republicano Irlandês), no momento em que a organização questionava o governo da primeira-ministra britânica Margaret Thatcher.

Iniciada a investigação, as pistas apontaram para a Líbia. O país era comandado por Muammar Gaddafi, simpatizante da causa irlandesa e inimigo de Thatcher, que considerava cúmplice em um ataque americano contra a Líbia em 1986.

Após uma investigação conjunta entre a Scotland Yard, a polícia escocesa e o FBI, que ouviram mais de dez mil testemunhas, foram apresentadas acusações contra os agentes líbios Al Megrahi e Lamin Jalifa Fhimah, em 1991.

Gaddafi se negou a entregar os agentes mas, após sanções contra Trípoli impostas pela ONU, o líder líbio aceitou fazê-lo em 1999.

Após um processo judicial, Jalifa Fhimah foi absolvido, mas Al Megrahi foi condenado em 2001 a 27 anos de prisão, que cumpriu em uma prisão escocesa até ser entregue em 2009 à Líbia por razões humanitárias. Ele tinha um câncer em fase terminal e morreu em 2012. Megrahi sempre negou as acusações.


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