Folha de S. Paulo


Israel diz ter interceptado barco carregado de mísseis do Irã

As Forças de Defesa de Israel afirmam ter interceptado hoje um carregamento iraniano de mísseis rumo à faixa de Gaza para o uso contra civis.

O anúncio deve servir, nas próximas semanas, de munição retórica ao primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu, que tem se oposto à recente aproximação entre os EUA e o Irã a partir do argumento de que a liderança iraniana não é confiável.

A interceptação ocorreu após autorização do governo israelense e foi realizada, de acordo com as Forças de Defesa, segundo as leis internacionais. O Irã não se manifestou a respeito do assunto.

O carregamento foi interceptado no mar Vermelho dentro da embarcação KLOS-C, registrada no Panamá. Foram encontradas dezenas de mísseis fabricados na Síria com um alcance de cerca de 200 quilômetros. A tripulação não resistiu.

Um arsenal semelhante fora disparado contra Israel a partir do Líbano durante a guerra de 2006, de acordo com as Forças de Defesa.

A descoberta foi amplamente divulgada, durante o dia, com fotografias dos mísseis e um vídeo explicativo com o caminho do carregamento, desde sua produção na Síria até o disfarce no trajeto via Sudão. O armamento estava camuflado entre outros bens, segundo Israel.

"A descoberta significa que o Irã treina e financia organizações terroristas na região, o que nos preocupa, já que ameaça milhões de civis", disse à Folha Peter Lerner, porta-voz das Forças de Defesa de Israel. "Tudo sobre o carregamento é iraniano".

A interceptação foi realizada após trabalho de Inteligência israelense. Entre os sinais seguidos por Israel está o fato de que o navio, teoricamente saindo do Irã e destinado ao Sudão, desviou seu caminho até um porto iraquiano, onde supostamente teve os mísseis escondidos por sacos de concreto.

Netanyahu, durante visita aos EUA, foi informado do achado. "Enquanto o Irã conversa com as potências internacionais está também enviando armamentos letais para organizações terroristas por meio de uma rede elaborada de operações", afirmou.

Acredita-se que, após serem desembarcados no Sudão, os mísseis seriam enviados a Gaza via deserto do Sinai -onde, porém, o Egito tem mantido rígido controle da passagem de bens.

A organização palestina Hamas, que atualmente governa Gaza, afirma que a acusação israelense é uma "piada tola" tendo em vista prolongar o cerco à faixa.

O navio interceptado deve ser redirecionado ao porto israelense de Eilat, aonde deve chegar após três dias. Segundo o porta-voz militar Lerner, os armamentos devem expostos e então neutralizados.

Operações militares semelhantes já haviam descoberto carregamentos iranianos no passado, como no navio Victoria, em 2011, e no Francop, em 2009. Em 2003, as Forças de Defesa de Israel afirmaram ter encontrado 50 toneladas de armas, incluindo mísseis, em direção a Gaza.

A interceptação, que deve ser usada politicamente contra o rival Irã, também servirá a Israel para reforçar seu argumento de que o Hamas prepara ataques contra a população civil israelense. Nas últimas semanas, tem escalado a retórica contra a faixa.


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