Folha de S. Paulo


Brasileiro em assentamento no vale do Jordão critica boicote a produtos locais

Quando o carioca José Olej, 61, e sua mulher visitaram o vale do Jordão, nos anos 1980, se encantaram com o vasto território virgem. Em 1987, mudaram-se para o vilarejo de Gittit. "Nós éramos jovens e queríamos começar alguma coisa nova", afirma.

Hoje, Olej é diretor no Ministério da Agricultura israelense, sendo responsável pela passagem de produtos na fronteira entre Israel e Jordânia –de onde voltou a tempo de se reunir com a reportagem da Folha.

"Quando nos mudamos para cá, não pensávamos que um dia iríamos nos sentar para negociar com os palestinos", diz. "Mas, hoje, estou começando a pensar que vamos finalmente chegar a um acordo com eles."

Se o tratado incluir a retirada de soldados e civis israelenses do vale, Olej afirma que ele próprio não será "um obstáculo para a paz". "A população aqui não é religiosa, como era em Gaza."

Mas o brasileiro diz, também, que se tiver de deixar a pacata Gittit, por cuja tranquilidade é apaixonado, não continuará em Israel. O plano é ir para o Canadá, onde já moram seus filhos.

A reportagem pergunta a Olej a respeito dos boicotes internacionais a produtos colhidos em assentamentos. Ele suspira, antes de responder. "Me incomoda, porque há um pouco de injustiça nele", diz.

"Por vários motivos", continua. "Principalmente porque todos os meus trabalhadores são palestinos [são entre 4 e 15, a depender da colheita], e eu lhes dou a oportunidade de um emprego."


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