Folha de S. Paulo


Capriles acusa Maduro de incitar violência na Venezuela com prisão de opositor

Henrique Capriles, líder da oposição venezuelana, acusou nesta quinta-feira o governo de Nicolás Maduro de promover o confronto no país ao prender o dirigente Leopoldo López, acusado de incitar a violência que tomou conta da Venezuela na última semana.

"O governo acredita que prendendo um dirigente político acabam com os problemas do país. Não vai acabar o problema do país, bem acho que pode aprofundar o conflito", declarou Capriles em entrevista coletiva.

López está desde terça-feira em uma penitenciária militar de Ramo Verde, nos arredores de Caracas, acusado de quatro crimes, entre eles incêndio e formação de quadrilha.

Na noite da última quarta, um tribunal determinou a prisão de López por 45 dias, responsabilizado pessoalmente pelo presidente, Nicolás Maduro, pelos confrontos no término de uma manifestação que no último dia 12 acabou com três mortos como parte de um plano de desestabilização para dar um golpe de Estado.

"Se vocês queriam a paz, a tranquilidade, não era prendendo Leopoldo López", assinalou.
Capriles ainda desafiou Maduro a apresentar provas do suposto plano de golpe de Estado organizado pela oposição por meio das manifestações, que já deixaram quatro mortos nos últimos dias.

"Você [presidente] deve apresentar ao país as provas deste golpe, onde estão os detidos que iriam dar este golpe? Por que fala tanto de um golpe em andamento? Onde estão as provas? Os civis não aplicam golpes de Estado, os militares aplicam golpes de Estado", declarou Capriles durante coletiva de imprensa.

Várias cidades da Venezuela registram há semanas protestos estudantis que ao anoitecer degeneram em confrontos entre grupos revoltosos e policiais.

Maduro tem chamado estes protestos de "golpe de Estado em andamento", que seriam promovidos por setores da oposição com o suposto apoio de conservadores americanos e do ex-presidente colombiano Alvaro Uribe.

Capriles, ex-candidato presidencial e governador do estado de Miranda, ao contrário de López, defende a via eleitoral para derrotar os chavistas. Por esse motivo, ele se distanciou dos protestos, que pedem a derrubada imediata de Nicolás Maduro.

Ele defende que a violência dos últimos dias tinha a intenção de desviar a atenção dos problemas econômicos na Venezuela, que registra uma inflação de 56,3% e uma escassez recorrente de alimentos e produtos básicos.


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