Folha de S. Paulo


Justiça mantém prisão preventiva de líder opositor na Venezuela

Um tribunal da Venezuela confirmou nesta quinta-feira a prisão preventiva do líder opositor Leopoldo López, que continuará detido na penitenciária militar de Ramo Verde, nos arredores da capital Caracas, confirmou uma fonte do partido Vontade Popular.

O líder da oposição continuará preso em Ramo Verde por pelo menos mais 45 dias.

O ex-prefeito de Chacao foi acusado pela promotoria por incêndio e danos ao patrimônio, incitação ao crime e formação de quadrilha. O último crime é o mais grave e por ele é previsto punição de 10 anos de prisão pela Lei Orgânica contra o Crime Organizado e Financiamento do Terrorismo .

O advogado Juan Carlos Gutiérrez, que defende López, disse que foram retiradas as denúncias de terrorismo e homicídio.

A audiência aconteceu na penitenciária de Ramo Verde, para onde López foi transferido na terça-feira (18), e começou às 22h locais (23h30 de Brasília) e durou até 1h desta quarta (2h30 de Brasília).

"A audiência terminou. Foi ratificada a medida privativa de liberdade. A mudança esta em cada um de nós. Não se rendam. Eu não o farei", apareceu no Twitter de López após a decisão.

Gutiérrez tinha rejeitado durante a tarde a decisão da juíza Dalenys Tovar, encarregada do caso, de realizar a audiência de apresentação na penitenciária militar, ao invés do Palácio de Justiça de Caracas, por considerá-la "irregular" e uma "violação da Constituição".

"Foi dito que a realização da audiência no dia de hoje aqui nos tribunais de controle poderia constituir em perigo para a vida do cidadão Leopoldo López e a juíza justificou tal medida na afirmação de que está protegendo sua integridade física", explicou Gutiérrez aos jornalistas antes da mudança para Ramo Verde.

López, que se entregou na terça-feira às autoridades, foi responsabilizado pessoalmente pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pelos distúrbios durante uma manifestação que no último dia 12 acabou com três mortes.

O líder do Vontade Popular convocou as manifestações para exigir a saída do governo de Maduro de forma pacífica e respeitando a Constituição.

EUA

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, condenou ontem a a "inaceitável" violência ocorrida nos últimos dias durante manifestações opositoras na Venezuela e pediu ao governo de Maduro que liberte os detidos.

A declaração foi dada em entrevista coletiva ao final de uma cúpula de líderes do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês), na cidade mexicana de Toluca (centro).

Obama afirmou que os Estados Unidos "condenam energicamente" a situação na Venezuela e considerou "legítimas" as reivindicações dos manifestantes. Ele também criticou o anúncio de expulsão de três funcionários americanos por parte do governo venezuelano.

"Junto com a Organização dos Estados Americanos (OEA), apelamos ao governo da Venezuela para que liberte os manifestantes detidos e inicie um diálogo verdadeiro", afirmou Obama.

"Na Venezuela, em vez de tentar desviar a atenção de suas próprias carências, expulsando com falsas acusações diplomatas americanos, o governo deveria se concentrar em atender às reivindicações legítimas do povo venezuelano", frisou Obama.

No domingo, o presidente Nicolás Maduro anunciou a expulsão de três funcionários consulares americanos, acusando-os de ingerência nos assuntos domésticos. Washington disse que estuda "ações" a adotar contra a Venezuela.

Juntamente com os Estados Unidos, Maduro também acusou o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe de ser um dos promotores das passeatas da oposição, classificadas por Caracas como "golpe de Estado em desenvolvimento".


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