Folha de S. Paulo


Protestos ferem 23 na Venezuela, enquanto governo caça opositor

Pelo menos 23 pessoas ficaram feridas na noite deste sábado em mais um confronto entre estudantes e as forças de segurança em Chacao, cidade ao lado de Caracas, na Venezuela. Enquanto isso, segue a caça do governo pelo ex-prefeito Leopoldo López, apontado como responsável pela violência nos protestos.

Os confrontos começaram quando os manifestantes tentaram de novo fechar a autoestrada Francisco Fajardo, que liga a cidade à capital e que havia sido bloqueada na sexta (14). A ação foi reprimida por agentes da Guarda Nacional Bolivariana.

Carlos Garcia Rawlins/Reuters
Estudantes opositores se colocam em barricadas durante protestos em Chacao, na Venezuela
Estudantes opositores se colocam em barricadas durante protestos em Chacao, na Venezuela

Em resposta, parte dos estudantes entrou em bairros de Chacao, fez barricadas com fogo e atacou as sedes da magistratura e do Tribunal Supremo de Justiça. Além de depredar os prédios, o grupo quebrou e saqueou dois postos bancários dentro dos complexos judiciais.

A secretaria de Saúde de Chacao confirmou 23 feridos, sendo sete atingidos por balas de borracha, dez com ferimentos leves e outros seis com falta de ar devido ao uso de bombas de gás lacrimogêneo pela polícia. Outros dois manifestantes foram presos.

A violência foi condenada pelo prefeito da cidade, o opositor Ramón Muchacho, que criticou os manifestantes no microblog Twitter. "Não há nenhum líder dos manifestantes que denuncie a presença de infiltrados? Há uma terrível falta de liderança e direção. É só anarquia. Isso é o que queremos?".

Pouco antes do confronto, o presidente Nicolás Maduro suspendeu o serviço de metrô e ônibus para Chacao, a fim de evitar os confrontos na cidade. "Nós não podemos ceder porque estamos tentando derrotar um movimento fascista que quer acabar com o país que nós temos."

Os líderes estudantis, no entanto, não deram sinais de que pretendem ceder. "Nós não vamos nos render, vamos continuar nas ruas, brigando pelos venezuelanos e jovens que querem um país democrático, com a imprensa livre, justiça e igualdade", disse Juan Requesen, da Universidade Central da Venezuela.

O grupo Anonymous atacou sites de dois símbolos da insatisfação dos manifestantes –a Comissão de Administração de Divisas (Cadivi), que controla a venda de moeda estrangeira, e a Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel), órgão que regula os meios de comunicação e a internet.

LEOPOLDO LÓPEZ

No mesmo discurso, Maduro afirmou que a polícia procura o ex-prefeito de Chacao Leopoldo López, um dos principais líderes opositores, que teve ordem de prisão decretada na quinta (13) por envolvimento na violência dos protestos.

"López ordenou todos esses meninos violentos, que ele treinou, para destruir o escritório do Ministério Público e a metade de Caracas. Agora ele se esconde", disse o presidente. "Renda-se, covarde!".

Durante a noite, as forças de segurança do governo fizeram uma busca na casa dos pais de López, no bairro de Sebucán, perto da capital. Em resposta, López chamou Maduro de covarde e negou que vá sair do país para fugir da prisão. "Você não vai conseguir derrubar nem a mim nem a minha família".

Ele disse que deve anunciar seu destino político "nas próximas horas" e pediu aos manifestantes que não recorram à violência.


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