Folha de S. Paulo


Suíça aprova limite à entrada de europeus no país, diz TV

Por uma diferença menor do que um ponto percentual, a Suíça aprovou neste domingo, em referendo, a criação de cotas para a entrada no país de imigrantes europeus. Conforme a TV oficial SRF, com quase a totalidade das urnas apuradas, o "sim" teve 50,3% dos votos contra 49,7% do "não".

Com isso, o governo suíço terá um prazo de três anos para renegociar vários acordos firmados com a União Europeia (UE) a respeito da livre circulação de pessoas. Caso não o faça, os documentos serão revogados.

O projeto que foi aprovado no referendo estende a todos os países do bloco cotas que tinham sido impostas, dois anos atrás, a cidadãos de oito países da Europa central e do leste. Prevê também que sejam limitados o acesso dos imigrantes ao serviço social suíço e o direito deles de levar a família para viver na Suíça.

O referendo foi proposto pelo Partido do Povo, que ocupa mais de um quarto dos assentos da câmara baixa do Parlamento e mantém um discurso xenófobo e anti-UE. Uma das peças de publicidade usadas pela legenda na campanha pelas cotas levava a imagem de uma mulher com véu islâmico e a legenda: "1 milhão de muçulmanos em breve?".

Tanto o governo quanto a maioria dos partidos políticos do país era contra a medida.

Quase 25% das 8 milhões de pessoas que vivem atualmente na Suíça são estrangeiras. Parte delas, porém, nasceu no país ou mora lá há muitos anos e mesmo assim não tem direito à cidadania, por causa das duras leis que regem o assunto.

Mais de 56% dos eleitores habilitados compareceram às urnas, fazendo deste, ainda de acordo com a SRF, o quinto mais alto índice desde a introdução do sufrágio feminino no país, em 1971.

ABORTO

No mesmo referendo, entre outras questões, os suíços tiveram de opinar se a realização de abortos, legal no país até a 12ª semana de gestação, deveria continuar sendo coberta por planos de saúde básicos ou deveria ser considerada uma "questão pessoal".

Pesquisas de boca de urna, porém, indicam que a ideia foi rejeitada, com apenas 30% dos eleitores favoráveis à mudança.

Os autores da proposta eram, fundamentalmente, políticos conservadores cristãos.


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