Folha de S. Paulo


Após um ano à deriva, salvadorenho é achado nas Ilhas Marshall

O pescador salvadorenho José Salvador Albarengo, de 37 anos, disseter sobrevivido à deriva no oceano Pacífico por mais de um ano, até ser resgatado a quase 11 mil quilômetros do local de onde partiu.

Segundo relatos de moradores do atol de Ebon, pertencente às ilhas Marshall (Oceania), Albarengo aportou na última quinta-feira em um pequeno barco de fibra de vidro, cheio de conchas e restos de animais. Com barba e cabelos longos, estava desorientado e vestia trapos.

Giff Johnson/AFP
Pescador salvadorenho, José Salvador Albarengo, é resgatado nas Ilhas Marshall após um ano à deriva
Pescador salvadorenho, José Salvador Albarengo, é resgatado nas Ilhas Marshall após um ano à deriva

Resgatado, o pescador foi alimentado e ganhou roupas novas. Comunicou-se apenas por gestos e desenhos, pois nenhum morador falava espanhol. Albarengo esperou por um barco do governo até domingo, quando foi levado para outra ilha, onde fica a capital, Majuro.

Lá, ele contou às autoridades que partiu da costa do México para caçar tubarões junto com outro pescador, em 21 de dezembro de 2012. Uma forte tempestade os levou para alto-mar.

Albarengo disse que sobreviveu comendo tartarugas –das quais também bebia o sangue–, além de apanhar peixes e aves com as mãos. Seu colega teria morrido cerca de quatro meses após a partida do México, por se recusar a comer.

Logo após, Albarengo afirmou ter pensado em se suicidar: "Por quatro dias queria me matar, mas ao mesmo tempo não desejava sentir essa dor", disse. "Tinha Deus em mente. Se morresse, estaria com Ele. E pensei que isso seria uma incrível história para ser contada."

O pescador descreveu para o jornal britânico "Daily Telegraph" o momento em que viu terra firme depois de mais de 13 meses. "Tinha acabado de matar um pássaro quando vi árvores. Agradeci a Deus e, quando consegui desembarcar, dormi muito. Ao acordar, vi galinhas e, depois, uma pequena casa. Duas mulheres vieram gritando em minha direção."

De acordo com as autoridades das ilhas Marshall, Albarengo está com a saúde frágil e se recupera em Marujo. Ainda não há previsão de quando ele retornará ao México, onde vive há 15 anos.

DESCONFIANÇA

A história de Albarengo suscitou dúvidas. Gee Bing, secretário de Relações Exteriores das ilhas Marshall, mostrou-se cético. "Quando o vi, ele não estava tão magro quanto outros sobreviventes no passado. Assim que ele conseguir se comunicar com seu local de origem, poderemos ter mais informações."

O cineasta Jack Niedenthal, que vive em Majuro, também viu Albarengo. "Ele está com dificuldade para andar. Parece difícil acreditar, mas não estou pronto para chamar isso de farsa", disse à agência Reuters.

Segundo oceanógrafos, a rota feita pelo barco é plausível, pois há uma corrente marítima que passa pelo México e segue a oeste do Pacífico.

O tempo à deriva também foi considerado verossímil pelos especialistas, considerando a velocidade da corrente e dos ventos.


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