Folha de S. Paulo


Análise: Disputa presidencial em El Salvador será apertada

A disputa presidencial em El Salvador parece cada vez mais apertada.

Institutos de pesquisa mostram que a disputa dificilmente será resolvida no primeiro turno. A maioria traz Cerén vencendo o primeiro turno, mas sem a maioria necessária a decidir a eleição.

Existem duas possibilidades de surpresa que, embora improváveis, não seriam implausíveis. A primeira é a de que Cerén consiga os 50% mais um dos votos válidos, vencendo no primeiro turno, e a segunda é a de que o apoio ao terceiro colocado nas pesquisas, Antonio Saca (Unidad), tenha sido subestimado e que ele consiga chegar ao segundo turno.

Caso a segunda se concretize, Saca enfrentaria Cerén e seria favorito, porque os eleitores da Arena o apoiariam. Mas o mais provável é que aconteça um segundo turno entre Cerén e Quijano.

O resultado de um possível segundo turno é ainda mais difícil de prever. Por um lado, Quijano e a Arena têm ligeira vantagem sobre a FMLN. Mas as tendências mais amplas mostram que o apoio ao candidato da FMLN aumentou nos últimos meses, enquanto o da Arena se manteve estático.

Fatores estruturais podem continuar beneficiando Cerén. Mauricio Funes, o atual presidente, é popular, por exemplo. Suas políticas sociais contam com apoio tão amplo que Quijano não só prometeu mantê-las mas expandi-las.

Enquanto isso, a maioria das pesquisas demonstra que os eleitores veem a FMLN de modo um pouco mais favorável do que veem a Arena, que após 20 anos no poder (1989-2009) deixou desordem, além de ter reputação de corrupta.

E as cédulas que os eleitores usarão mostram apenas as bandeiras dos partidos, e não os rostos dos candidatos.

Os principais desafios para Cerén são o de que sua reputação como parte da linha-dura da FMLN e antigo guerrilheiro o desqualifica, aos olhos de porção importante do eleitorado, e o de que o crescimento econômico segue lento –1,5% em 2013.

Uma vitória de Cerén abalaria os investidores, mas as preocupações provavelmente são exageradas.

Da mesma forma, caso Quijano vença, as vantagens de um candidato mais simpático aos interesses empresariais também devem ser exageradas nos dias posteriores à eleição.

JEFFERSON FINCH é analista de assuntos latino-americanos no Eurasia Group


Endereço da página: