Folha de S. Paulo


Oposição rejeita encontro e regime sírio ameaça deixar conferência

As primeiras negociações de paz sobre a Síria cambalearam antes mesmo de começarem nesta sexta-feira, depois de opositores do presidente Bashar al-Assad se recusarem a se encontrar com a delegação governista se ela não apoiar o protocolo que defende um governo transitório.

As discussões a portas fechadas começaram nesta sexta-feira, dois dias depois da reunião formal de abertura ter ocorrido num clima tenso, com os dois lados e os seus aliados internacionais fazendo discursos críticos. Uma negociação direta parece no momento improvável.

Planos para que os dois lados sentassem e conversassem pela primeira vez foram no último minuto colocados de lado. Em vez disso, se reúnem separadamente com o mediador da Organização Nações Unidas (ONU), Lakhdar Brahimi, na sede de Genebra da organização.

Os representantes da oposição decidiram que não se encontrariam com a delegação do governo se ela não apoiasse o documento da primeira convenção de Genebra, de 2012, que defende a transição política. "Caso contrário, não haverá negociações diretas", afirmou o representante da oposição Haitham al-Maleh.

A negativa fez com que o chanceler sírio, Walid al-Moualem, ameaçasse retirar a delegação do regime de Bashar al-Assad no sábado (25). Para ele, a oposição não tem um compromisso sério com as negociações por não ter desejado se reunir com representantes do ditador.

A oposição diz que veio até as negociações para discutir uma transição que retire Assad do poder. O governo afirma que está presente somente para debater a luta contra o terrorismo –a palavra que tem usado para se referir aos seus inimigos– e que ninguém pode obrigar o presidente a sair.

FRACASSO

Mesmo antes da negativa de um encontro frente a frente, diplomatas ocidentais e membros da ONU diziam que as perspectivas não eram as melhores. Eles retiraram o prazo de término do diálogo, marcado para a próxima sexta (31), e esperavam que as reuniões terminassem em poucos dias.

Brahimi tem indicado que o seu objetivo é buscar no início coisas práticas, como tréguas locais aos combates, libertações de presos e acesso para a ajuda internacional, antes de se concentrar nas negociações políticas mais difíceis.

Outro impedimento é o boicote ao diálogo das principais forças rebeldes em combate, de moderados a grupos militantes ligados à Al Qaeda. Segundo a ONU, mais de 130 mil pessoas morreram no conflito de quase três anos de duração.


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