Folha de S. Paulo


Extremistas sírios tentam recrutar ocidentais para atacar nos EUA, diz jornal

Grupos extremistas sírios ligados à organização terrorista Al Qaeda tentam recrutar e treinar ocidentais em viagem à Síria para que realizem atentados ao retornarem para seus países, segundo reportagem publicada pelo jornal "New York Times".

O diário cita membros da Inteligência e de contraterrorismo dos EUA, que divulgaram também a informação inédita de que ao menos 70 americanos viajaram à Síria ou tentaram fazê-lo nos últimos três anos, desde o início do conflito civil nesse país.

A insurgência já deixou mais de 100 mil mortos na Síria, de acordo com as estimativas mais recentes da ONU. A organização afirmou neste ano, porém, que não irá atualizar as cifras devido à impossibilidade de confirmar as informações no país.

Assim como o Afeganistão e o Iraque, no passado, a Síria tornou-se um ímã para extremistas islâmicos, atraindo-os e treinando-os no combate, no "jihad" (guerra santa) e na execução de atentados terroristas.

Estima-se, por exemplo, que ao menos 1.200 muçulmanos europeus tenham ido à Síria para o combate desde o início da insurgência ali.

Esse efeito de recrutamento preocupa as autoridades americanas, e o diretor do FBI afirmou anteontem que uma das prioridades de contraterrorismo no país é rastrear os norte-americanos que tenham voltado da Síria.

"Sabemos que a Al Qaeda está usando a Síria para identificar indivíduos que possam recrutar [...] e torná-los soldados no futuro, possivelmente nos EUA", afirmou em anonimato uma fonte ao "New York Times".

A maior parte dos americanos que viajaram à Síria permanecem ali, e alguns deles foram vítimas do conflito. O governo os rastreia com base em registros de viagens, comunicações eletrônicas interceptadas e textos nas mídias sociais.

Parte da experiência em tais investigações remontam aos esforços, realizados nos últimos anos, em rastrear os americanos que viajaram à Somália para o combate.

INTERNO

O conflito civil na Síria passa por um momento de grave violência, com as disputas entre rebeldes moderados e grupos jihadistas, a exemplo do Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, baseado em Londres, afirmou nesta sexta-feira que quase 500 pessoas foram mortas em uma semana de disputa entre esses grupos, incluindo 85 civis.

Os confrontos entre facções rebeldes enfraquecem a insurgência na Síria, para benefício do ditador Bashar al-Assad, que enfrenta assim uma oposição desunida nos esforços de destroná-lo.


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