Folha de S. Paulo


Sem se referir a tio, Kim Jong-un diz que excluiu escória do regime

O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, disse que excluiu a escória de seu partido em 2013, em discurso de Ano Novo exibido nesta quarta-feira. Ele, no entanto, não fez nenhuma referência ao tio Jang Song-thaek, executado pelo regime em dezembro após ser condenado por traição.

"No ano passado, tomamos a ação resoluta de eliminar a escória dissidente do Partido dos Trabalhadores. Esse expurgo fortaleceu a unidade do país em cem vezes", disse o mandatário, no pronunciamento de 25 minutos em cadeia de rádio e televisão.

O discurso é a primeira referência de Kim Jong-un à execução de Jang Song-thaek, executado em dezembro de 2013. Jang era marido de Kim Kyong-hui, irmã do ex-ditador Kim Jong-il, pai do atual mandatário. Segundo a agência de notícias KCNA, o tio armou uma facção para tentar derrubar o governo.

O tio do ditador também foi acusado de corrupção e de levar uma vida "dissoluta e depravada" –ele teria tido "relações impróprias" com mulheres, usado drogas e apostado em cassinos no exterior. Jang ocupava o cargo de vice-presidente da Comissão de Defesa Nacional, o órgão de decisão mais poderoso do país.

A Coreia do Sul mostrou preocupação pela possível instabilidade no regime que a condenação à morte daquele que era um de seus maiores bastiões poderia gerar e não descartou "provocações" de Pyongyang. No entanto, os dois países retomaram contato seis dias após o anúncio da execução.

COREIA DO SUL

Em referência à vizinha capitalista, o ditador afirmou que pretende melhorar as relações entre os dois países, mas exigiu que Seul termine os exercícios militares com os Estados Unidos, que chamou de "treinamento nuclear contra o Norte".

Neste sentido, disse que uma acidental disputa militar na Península de Coreia poderia desembocar em uma "catástrofe nuclear" e que os Estados Unidos "nunca estarão a salvo". Em 2013, Pyongyang aumentou a retórica contra a vizinha após ser sancionada pela ONU por um teste nuclear e o lançamento de um foguete.

Kim insistiu, além disso, durante seu incomum discurso televisivo, em seu compromisso para promover o desenvolvimento econômico da empobrecida Coreia do Norte. A última vez que se escutou a voz do ditador nos meios norte-coreanos foi em abril de 2013.

O jovem líder realizou seu primeiro discurso televisivo de Ano Novo em 2013, algo que seu pai, Kim Jong-il, nunca havia feito em 17 anos de mandato, pois preferia que suas palavras fossem divulgadas pelos jornais do regime.


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