Folha de S. Paulo


Diálogo de paz entre partidos termina sem acordo na Irlanda do Norte

Terminaram sem acordo nesta terça-feira as conversas entre os partidos da Irlanda do Norte e o mediador dos Estados Unidos, Richard Haass. O diálogo pretendia resolver parte dos conflitos no território britânico, como o hasteamento de bandeiras do Reino Unido e a autorização aos desfiles protestantes.

Segundo o representante americano, não houve o consenso necessário sobre as propostas para resolver os problemas, mas será formado um grupo de trabalho para tentar buscar uma forma de superar as diferenças entre os grupos.

Esses desacordos giram em torno das bandeiras que deverão ser hasteadas em edifícios públicos, as zonas por onde vão passar os tradicionais desfiles protestantes e o legado de 30 anos do conflito norte-irlandês que causou mais de 3.500 mortos em anos de violências sectárias entre protestantes e católicos.

"Esperamos que os partidos reflitam, avaliem (o documento) com sua liderança e depois voltem a apoiá-lo", disse Haass. "Seria lindo se tivéssemos saído esta noite para dizer que os cinco partidos assinaram todo o texto, mas ainda não estamos (nessa situação)".

Nas conversas multilaterais participaram o Partido Democrático Unionista (DUP), majoritário, e o Sinn Fein, antigo braço político do Exército Republicano Irlandês (IRA) e principal representante da comunidade católica nacionalista na região.

Completam o quinteto o Partido Unionista do Ulster (UUP), o Partido Social-Democrata e Trabalhista (SLDP, nacionalista moderado) e a Aliança, formada por membros de ambas as comunidades. Nos últimos meses, Haass manteve mais de 100 reuniões e conversou com mais de 500 pessoas durante o processo.

Segundo o mediador, mais de 600 propostas de "indivíduos e grupos" foram recebidas com ideias para resolver estas questões, que resultaram em episódios de violência nas ruas da província.

Assim aconteceu no verão durante a temporada de desfiles da ordem protestante de Orange e no início deste ano, quando centenas de policiais ficaram feridos nos enfrentamentos entre jovens protestantes e católicos pela retirada da bandeira britânica da Prefeitura de Belfast, que só é hasteada em dias determinados.

O maior perigo reside na radicalização da população, que pode servir como um incentivo para os dissidentes do já inativo IRA, capazes de intensificar nos últimos meses sua campanha armada e que, segundo a polícia, representam uma ameaça séria para a paz.


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