Folha de S. Paulo


Atirador dispara contra protesto e mata manifestante na Tailândia

Um manifestante foi morto e outros quatro ficaram feridos neste sábado após um atirador disparar em meio a um protesto ao lado da Casa de Governo da Tailândia. O ataque pode aumentar a tensão no país, que passa há quase dois meses por protestos contra a primeira-ministra Yingluck Shinawatra.

A ação aconteceu por volta das 3h30 locais (18h30 em Brasília) quando centenas de opositores dormiam no acampamento montado em frente ao prédio. Testemunhas afirmam que os disparos partiram de um carro que passou pela ocupação.

Uma barricada de concreto e um gerador de energia foram atingidos pelas balas, assim como era possível ver marcas de sangue em algumas barracas. Manifestantes também recolheram diversas cápsulas de balas de calibres diversos, embora alguns deles tenham afirmado que viram um homem com um fuzil.

Segundo o Centro Erawan de Emergências, o opositor morto é um tailandês de 30 anos que foi internado após ser baleado no peito. Os outros quatro feridos foram atingidos no pescoço, no ombro e no joelho. A polícia negou qualquer envolvimento no ataque.

Esta é a oitava pessoa que morre em protestos no país desde outubro. Os disparos foram efetuados um dia após o chefe do Exército, Prayuth Chan-ochoa, não ter descartado a possibilidade de um levante militar no país. Questionado sobre a possível insurgência, ele disse que "tudo depende da situação".

No início do mês, a primeira-ministra convocou eleições antecipadas para fevereiro, de modo a diminuir a pressão dos opositores. No entanto, os manifestantes não aceitaram a medida e desejam fazer uma reforma política antes de um novo pleito.

Os opositores acusam Yingluck Shinawatra de corrupção e de ser comandada pelo irmão, o ex-chefe de governo Thaksin, exilado em Dubai desde que foi deposto em um golpe de Estado apoiado pelos atuais manifestantes, em 2006.

A oposição é acusada de tentar recriar uma situação similar à de 2006, quando o Exército intercedeu, após meses de caos político. A crise atual já deixou vários mortos desde o início de dezembro e é a pior já ocorrida desde 2010.

Naquele ano, cerca de 100 mil "camisas vermelhas" fiéis a Thaksin ocuparam por dois meses o centro de Bangcoc, até o assalto do Exército. O saldo foi de mais de 90 mortos e 1.900 feridos.


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