Folha de S. Paulo


Cerimônias recordam 270 vítimas de atentado que explodiu avião na Escócia há 25 anos

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, fez uma homenagem às 270 vítimas do atentado de Lockerbie contra um avião da companhia americana Pan American (Pan Am), que completa 25 anos neste sábado.

O incidente "continua sendo um dos maiores desastres aéreos da história e o pior ato de terrorismo já cometido no Reino Unido", lembrou hoje em mensagem o premier britânico.

Várias cerimônias religiosas estão sendo realizadas hoje para lembrar o atentado que matou as 259 pessoas a bordo do Boeing 747 e os 11 moradores na cidade escocesa de Lockerbie que foram atingidas pelos destroços do avião após uma bomba explodir em pleno voo.

Uma homenagem será feita na abadia de Westminster, em Londres, e outra em Lockerbie, e coroas de flores serão postas nos cemitérios de Dryfesdale, na Escócia, e de Arlington, nos Estados Unidos, de onde era a maioria das vítimas.

As cerimônias acontecerão no Reino Unido às 19h03 (17h03 de Brasília), a hora em que o voo 103 da Pan Am explodiu sobre Lockerbie, 38 minutos após decolar do aeroporto londrino de Heathrow com destino a Nova York.

O ATAQUE

Em 21 de dezembro de 1988, o voo 103 partiu do aeroporto de Frankfurt e fez uma escala em Heathrow, antes de seguir para os EUA.

A detonação de uma bomba com explosivos plásticos que pesavam apenas 400 gramas provocou a destruição do avião, cujos destroços se espalharam em uma área de 130 quilômetros na região de Lockerbie.

As vítimas foram, em sua maioria, cidadãos americanos que voltavam das férias, o que o tornou o atentado mais devastador contra civis americanos antes do ocorrido em 11 de setembro de 2001.

Em princípio, as suspeitas recaíram sobre o IRA (Exército Republicano Irlandês), no momento em que a organização questionava o governo da primeira-ministra britânica Margaret Thatcher.

Iniciada a investigação, as pistas apontaram para a Líbia. O país era comandado por Muammar Gaddafi, simpatizante da causa irlandesa e inimigo de Thatcher, que considerava cúmplice em um ataque americano contra a Líbia em 1986.

Após uma investigação conjunta entre a Scotland Yard, a polícia escocesa e o FBI, que ouviram mais de dez mil testemunhas, foram apresentadas acusações contra os agentes líbios Al Megrahi e Lamin Jalifa Fhimah, em 1991.

Gaddafi se negou a entregar os agentes mas, após sanções contra Trípoli impostas pela ONU, o líder líbio aceitou fazê-lo em 1999.

Após um processo judicial, Jalifa Fhimah foi absolvido, mas Al Megrahi foi condenado em 2001 a 27 anos de prisão, que cumpriu em uma prisão escocesa até ser entregue em 2009 à Líbia por razões humanitárias. Ele tinha um câncer em fase terminal e morreu em 2012. Megrahi sempre negou as acusações.

As famílias das vítimas pedem agora que seja esclarecido se Megrahi foi realmente o autor do atentado. O primeiro-ministro escocês, Alex Salmond, disse recentemente que a condenação do agente pode ser revisada, mesmo ele estando morto.

Jim Swire, cuja filha Flora morreu no atentado, representa as famílias das vítimas britânicas e acredita que Megrahi não era culpado, o que não é consenso entre os familiares americanos.

Ao mesmo tempo, o ex-diretor do FBI Robert Müller, que deixou o posto em setembro, declarou à imprensa britânica que houve avanços na investigação desde a revolução líbia de 2011 e crê que haverá mais pessoas acusadas.

"Temos agentes do FBI trabalhando a fundo para estudar cada pista, como fazemos desde quando o atentado aconteceu", disse Müller.


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