Folha de S. Paulo


Bairro nobre e turístico de Buenos Aires tem apagões

Há uma semana, Buenos Aires e algumas outras cidades do país sofrem com uma série de apagões, resultado, principalmente, da alta no consumo de energia devido a uma onda de calor.
Em alguns bairros de Buenos Aires, moradores reclamam de falta de luz desde o domingo passado.

Nos últimos dias, o problema atingiu algumas ruas da Recoleta, bairro de classe média alta na cidade e uma das zonas com maior concentração de turistas.

O hotel cinco estrelas Alvear, um dos mais famosos da cidade, só não ficou às escuras porque possui gerador próprio. Mas funcionários relataram à Folha que todo o comércio vizinho sofreu com a falta de energia.

Luciano Thieberger/Clarin
Estação de ônibus de Retiro, em Buenos Aires, às escuras
Estação de ônibus de Retiro, em Buenos Aires, às escuras

SORVETE

Sempre lotada de turistas brasileiros, a sorveteria Freddo, a uma quadra do hotel Alvear, ficou seis horas sem luz. "Não tivemos que fechar porque as geladeiras conseguem conservar os sorvetes por 12 horas sem energia", explicou um funcionário.

Na rua Libertad, que concentra alguns hotéis, a reportagem presenciou a instalação de um gerador na porta do Carlton. Durante dois dias o hotel ficou sem energia.

A alguns metros de lá, no albergue Hi Recoleta Hostel, o soldador brasileiro Alexsandro Mota, 32, se preparava para conhecer a cidade. "Cheguei ontem à noite e vi na TV que tava faltando luz. Fiquei preocupado. É a primeira vez que viajo para fora, quero aproveitar", disse.

ESTATIZAÇÃO

Pelo segundo dia consecutivo, o governo ameaçou estatizar o serviço de fornecimento de energia no país.

Na quinta (19), o chefe de gabinete da Presidência, Jorge Capitanich, reuniu-se com representantes das companhias elétricas e disse: "Vejam quais as deficiências e solucionem esse problema, que é de pura exclusividade das empresas. Se elas não estão dispostas a cumprir com o serviço, nós estamos dispostos a nos encarregar disso".

Na sexta (20), o ministro do Planejamento, Investimentos Públicos e Serviços, Julio De Vido, disse que, se as empresas "não podem prestar o serviço, o caminho será o indicado por Capitanich".

A declaração do ministro foi uma resposta a afirmação da distribuidora de energia Edesur, que, por meio de sua porta-voz, disse que as tarifas atuais em Buenos Aires e nas cidades a seu redor "tornam muito difícil prestar um serviço de qualidade".

A empresa alega que o preço cobrado na cidade é o mais baixo da América Latina.


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