Folha de S. Paulo


Políciais são destituídos após ação anticorrupção contra o governo da Turquia

Cinco chefes de polícia foram destituídos de seus cargos após uma megaoperação contra a corrupção na Turquia ter detido 52 pessoas na terça-feira (17), incluindo filhos de três importantes ministros do governo de Recep Tayyip Erdogan e o chefe-executivo do banco estatal Halk Bankasi.

Segundo meios de comunicação turcos, os policiais faziam parte de equipes de combate ao crime organizado, ao contrabando e à operações financeiras criminosas e teriam supervisionado as detenções de terça. Eles foram afastados das investigações sob justificativa de abuso de poder e de "necessidades administrativas".

Para o vice-primeiro-ministro Bulent Arinc, a operação de terça foi planejada para manchar a reputação do governo. "Acreditamos na inocência de nossos amigos. Isso não significa, porém, que eles serão protegidos caso estejam envolvidos em atividades criminosas."

A polícia teria encontrado caixas de sapato com US$ 4,5 milhões em espécie na casa do chefe-executivo do banco estatal Halk Bankasi, segundo a agência de notícias turca Dogan.

A suspeita é de que o banco, mediante propina, teria auxiliado empresários a fazer vendas ilegais de ouro ao Irã, que estava sob embargo internacional.

Os filhos dos ministros da Economia, do Interior e do Meio Ambiente também estão sendo investigados por corrupção ativa, fraude e lavagem de dinheiro.

Na terça, o premiê fez apenas declarações indiretas sobre as detenções de terça. "Há uma operação suja em andamento", disse Erdogan.

"O objetivo é ferir nossos bancos públicos, que hoje estão no mesmo nível que os da Europa. Enquanto tentamos colocar a Turquia entre as nações mais importantes do mundo até 2023, outros tentam abortar nosso rápido crescimento", disse.

A oposição pede a renúncia de Erdogan e dos ministros cujos filhos foram detidos.

QUEDA DE BRAÇO

Segundo analistas, a operação policial é resultado da tensão entre Erdogan e o grupo Hizmet, do clérigo islâmico radicado nos EUA Fetullah Gulen, cujos seguidores teriam grande influência na polícia e no Judiciário turcos.

Gulen era aliado do partido governista Justiça e Desenvolvimento, conhecido como AKP, mas a relação veio se deteriorando nos últimos meses. Em novembro, Erdogan anunciou planos de fechar as escolas privadas ligadas ao Hizmet, importante fonte de rendimento para o grupo.

O Hizmet nega estar envolvido nas investigações da polícia sobre corrupção.

Erdogan controla a política turca desde que foi eleito pela primeira vez, em 2002.

Em junho deste ano, ele enfrentou uma onda de protestos no país, que questionou seu autoritarismo.

Em agosto de 2014 acontecerão eleições presidenciais no país.


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