Folha de S. Paulo


Dilma diz que não tem por que responder a Edward Snowden

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira que não vê motivos para o governo brasileiro se manifestar em relação ao pedido de asilo de Edward Snowden, delator do esquema de espionagem dos Estados Unidos.

Oposicionistas e governo adotam tom cauteloso sobre asilo de Snowden

Segundo ela, a carta divulgada nesta semana pelo ex-técnico da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) não contém um pedido formal de asilo nem foi endereçada ao governo brasileiro.

Para a presidente, o governo não deve responder a consultas feitas por intermediários de um "indivíduo que não deixa claro [o que quer], não dirigiu nada para nós". "Não somos um órgão ao qual se faz ou se consulta ou se comunica por interpostas... de formas –você entende?– em que há intermediários."

"A nós não foi encaminhado nada. Me dou completamente ao direito de não me manifestar sobre o que não foi encaminhado. Vou me manifestar como? Não me encaminharam nada, não me pediram nada e, mais do que isso, eu não interpreto cartas de ninguém. Não é minha missão", disse Dilma.

Na terça (17), a Folha revelou carta em que Snowden diz ter a intenção de colaborar com investigações sobre a espionagem dos EUA, mas alega que não pode fazer isso em razão de sua precária situação jurídica –ele tem asilo temporário concedido pela Rússia até o meio de 2014.

A Folha apurou que a "carta aberta ao povo do Brasil", que Snowden enviará às autoridades, é uma estratégia do denunciante para obter asilo no país –com o status de asilado permanente, ele teria mais liberdade para colaborar com as apurações.

A carta, conforme a apuração do jornal, não faz pedido direto a Dilma Rousseff para não melindrar o governo russo, que hospeda Snowden.

Também faz parte da campanha para que o denunciante obtenha asilo no Brasil o abaixo-assinado aberto no Avaaz por David Miranda, namorado do jornalista americano Glenn Greenwald, que publicou no "Guardian" as primeiras denúncias de Snowden.

Editoria de Arte/Folhapress

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