Folha de S. Paulo


Príncipe saudita atesta crise de confiança com os EUA

O príncipe saudita Turki al-Faisal, ex-chefe de Inteligência da monarquia, criticou no domingo a administração de Barack Obama afirmando que o presidente americano sofre de indecisão e de perda de credibilidade junto a seus aliados na região.

"Nós vimos uma série de 'linhas vermelhas' traçadas pelo presidente que se tornaram roseadas com o passar do tempo e, eventualmente, se tornaram completamente brancas", afirmou Faisal, referindo-se aos ultimatos como o imposto pelos EUA à Síria -depois contornados.

O presidente Obama havia dito, por exemplo, que o uso de armas químicas pelo regime do ditador sírio Bashar al-Assad significaria cruzar a chamada "linha vermelha".

Os relatos de um ataque químico em agosto, porém, levaram os EUA a um acordo com a ditadura de Assad, e não a esperada intervenção militar, desapontando aliados como a Arábia Saudita.

"Quando esse tipo de garantia vem de um líder de um país como os Estados Unidos, esperamos que ele a mantenha", disse Faisal. "Há uma questão de confiança."

Apesar de o príncipe Faisal já não fazer parte do governo saudita, ele tem feito declarações públicas com "clara aprovação" da monarquia, de acordo com análise do jornal "New York Times".

A Arábia Saudita, assim como outros aliados regionais dos Estados Unidos no Oriente Médio, incluindo Israel, tem estado desgostosa com a atuação de Obama.

A negociação de paz estagnada entre israelenses e palestinos, o acordo nuclear iraniano e a grave crise na Síria não têm ajudado a imagem dos EUA nessa região.

A Arábia Saudita, como potência muçulmana sunita, é rival da liderança xiita iraniana e seu aliado, Assad.

Essa monarquia havia rejeitado, recentemente, seu posto no Conselho de Segurança da ONU, alegando que houve fracasso desse órgão em impedir a continuidade do massacre de civis na Síria.


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