Folha de S. Paulo


Intérprete para surdos da cerimônia de Mandela era um impostor

A cerimônia de homenagem a Nelson Mandela deixou indignados os surdos da África do Sul. Nesta quarta-feira, eles denunciaram o intérprete dos discursos como um impostor que não conhecia a língua do sinais.

"A comunidade de surdos da África do Sul está ofendida", afirmou Delphin Hlungwane, intérprete oficial da Federação de Surdos da África do Sul.

"Ele estava basicamente gesticulando. Ele não seguiu nenhuma das regras de gramática e de estrutura da língua. Ele simplesmente inventou os seus sinais", disse Hlungwane.

"Houve 0% de precisão. Ele não conseguiu acertar nem o básico. Ele não conseguia sequer dizer obrigado", disse ele à Reuters.

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Hlungwane disse que o "intérprete" também não conseguiu transmitir aos telespectadores --como deveria ter feito-- que a multidão deu uma recepção hostil a Zuma, um líder atormentado por escândalos e que enfrentará uma eleição em menos de seis meses.

"Você deveria indicar com suas expressões faciais, mesmo que isso não seja um sinal exato", disse ele. "Não sabemos de quem se trata, ninguém o conhece. Ele apareceu nesta ocasião e não sabemos como", disse ainda.

Segundo o "Guardian", os membros da comunidade surda da África do Sul já haviam manifestado preocupações sobre o intérprete, que trabalhou em outros eventos do partido Congresso Nacional Africano (CNA).

Durante a cerimônia na terça-feira, Wilma Newhoudt-Druchen, a primeira mulher surda a ser eleita para o Parlamento Sul-Africano tuitou: "Intérprete ligado ao CNA no palco com vice-presidente do CNA está sinalizando apenas lixo. Ele não sabe fazer sinais. Por favor, tirem-no dali."

O falso intérprete provocou polêmica na África do Sul e inúmeras interrogações. Os serviços de comunicação prometeram dar uma resposta a respeito. Um ministro afirmou que o governo investigará o caso.


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