Folha de S. Paulo


Nelson Mandela me faz querer ser um homem melhor, diz Obama

O primeiro presidente negro dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta terça-feira que a memória da Nelson Mandela ajuda a lembrar de suas responsabilidades e ter o desejo de ser um homem melhor.

Depois do discurso, Obama cumprimentou com um beijo no rosto a brasileira Dilma Rousseff e apertou as mãos do cubano Raúl Castro, que também discursarão mais tarde.

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"Embora eu me sinta sempre abaixo do exemplo de Mandela, ele me faz querer ser um homem melhor. Deixemo-nos buscar por sua força, sua grandeza de espírito, em algum lugar dentro de nós. E quanto a noite estiver escura, quando a injustiça pese sobre nossos corações, pensemos em Madiba".

Em discurso no estádio Soccer City, em Johannesburgo, Obama agradeceu o governo e a população sul-africana por "dividir Mandela conosco". "Sua luta é nossa luta. Seu triunfo é nosso triunfo. Sua dignidade e esperança foram expressados em sua vida e sua liberdade e sua democracia é o seu legado mais querido".

Ele ainda lembrou que o líder negro queria ser lembrado como "um pecador que continua tentando". "Ele não era um busto de mármore, ele era um homem de carne e osso - um filho e marido, um pai e um amigo. É por isso que aprendi muito com ele, é por isso que nós podemos aprender com ele ainda".

Para Obama, Mandela é o último grande libertador do século 20 e o comparou a Gandhi, por ter liderado um movimento de resistência com pouca possibilidade de sucesso, e a Martin Luther King, pelo pedido por justiça racial e por "dar voz potente às reivindicações dos oprimidos".

"Vindo da prisão, sem força ou armas, ele pôde, como [Abraham] Lincoln, unir esse país quando ele estava ameaçado a se dividir. Assim como os pais fundadores dos Estados Unidos, ele erigiria uma ordem constitucional para preservar a liberdade para as gerações futuras".

CERIMÔNIA

O serviço religioso começou por volta do meio-dia local (8h em Brasília). Os portões foram abertos às 6h (2h no Brasil) mas as filas e tumulto na portaria, um temor da segurança, não se confirmaram. A chuva e o frio, além do fato de ser um dia normal de trabalho, fizeram com que o estádio fosse ocupado lentamente.

A viúva do ex-presidente, Graça Machel, chegou emocionada ao estádio, acompanhada por um grupo de mulheres.

Ao chegar ao lugar destinado à família, ela deu um forte abraço na ex-mulher do líder negro, Winnie, que também acompanhou os últimos meses de vida de Mandela. O gesto emocionado foi mostrado no telão do estádio e comemorado pelos sul-africanos que acompanham a cerimônia.

Mandela morreu na noite da última quinta (5), aos 95 anos, após uma série de infecções pulmonares que se complicaram no último ano. A semana de lembrança ao líder da luta contra o apartheid se encerrará com seu sepultamento, no domingo (15), na aldeia de Qunu, onde passou sua infância.


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