Folha de S. Paulo


Multidão comparece a estádio para cerimônia de tributo a Mandela

Começou por volta das 12h locais (8h em Brasília) a missa de corpo presente em memória ao ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela. O evento, realizado no estádio Soccer City, no bairro do Soweto, reúne representantes de mais de cem países.

Mandela morreu na noite da última quinta (5), aos 95 anos, após uma série de infecções pulmonares que se complicaram no último ano. A semana de lembrança ao líder da luta contra o apartheid se encerrará com seu sepultamento, no domingo (15), na aldeia de Qunu, onde passou sua infância.

Brancos de cidade sul-africana ignoram morte de Mandela e elogiam apartheid
Adeus a Mandela vira pesadelo para autoridades

Mais de 70 chefes de Estado estarão presentes no evento. A presidente Dilma Rousseff será uma das que discursarão no evento, ao lado do presidente americano, Barack Obama, entre outros. Ela está acompanhada pelos ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

Os portões foram abertos às 6h (2h no Brasil) mas as filas e tumulto na portaria, um temor da segurança, não se confirmaram. A chuva e o frio, além do fato de ser um dia normal de trabalho, fizeram com que o estádio fosse ocupado lentamente.

Enquanto aguardava, a multidão entoou cantos da era de luta contra o apartheid, além de gritos de guerra em homenagem a Mandela.

"Mandela é a África do Sul, é a nova África do Sul. Sua morte dá uma oportunidade para que reflitamos sobre seus valores", disse Mark Durr, banqueiro branco, que chegou logo cedo. Veste uma camisa dos Springboks, a seleção nacional de rúgbi, famosa no mundo inteiro após ter sido usada por Mandela na final da Copa do Mundo do esporte, em 1995.

A seu lado, Devin Naidoo diz que "como bom servidor público" tinha o dever de estar ali. "Ele era um grande homem". Servidores do governo federal tiveram dispensa para ir ao evento.

Os nomes dos chefes de Estado e dos líderes sul-africanos foram aplaudidos pela multidão no momento em que eram anunciados pelo cerimonial. A viúva do ex-presidente, Graça Machel, chegou emocionada ao estádio, acompanhada por um grupo de mulheres.

Ao chegar ao lugar destinado à família, ela deu um forte abraço na ex-mulher do líder negro, Winnie, que também acompanhou os últimos meses de vida de Mandela. O gesto emocionado foi mostrado no telão do estádio e comemorado pelos sul-africanos que acompanham a cerimônia.

TRIBUTO

O vice-presidente do Conselho Nacional Africano, Cyril Ramaphosa, iniciou a cerimônia. "Nós estamos aqui para dizer a Madiba que a longa caminhada terminou e que ele pode finalmente descansar e observar a vista do nosso belo país. Mas nossa longa caminhada está só começando".

O ex-companheiro de cela em Robben Island Andrew Mlangeni lembrou a humildade e a crença que Mandela tinha na liderança coletiva. "Nelson Mandela foi o exemplo perfeito dos valores do sacrifício, sabedoria e paciência e criou esperança onde não havia nenhuma".

Com informações de São Paulo e das agências de notícias.


Endereço da página:

Links no texto: