Folha de S. Paulo


Venezuela começa a votar no primeiro teste eleitoral para Maduro

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, enfrenta neste domingo seu primeiro teste eleitoral nas eleições municipais em todas as cidades do país. O pleito acontece em um contexto de inflação elevada e escassez de produtos básicos.

Os mais de 13.500 centros de votação abriram às 6h (8h30 em Brasília), em uma jornada que deve eleger 337 prefeitos e 2.455 vereadores. O partido de Maduro e do ex-presidente Hugo Chávez, morto em março, venceu quase todas as eleições e plebiscitos nos últimos 14 anos e controla mais de 80% dos municípios.

No entanto, pesquisas estimam que esse número se reduzirá para cerca de 65%, em especial após a guerra econômica do presidente, que ordenou diminuições compulsórias de preços e ameaçou deter especuladores. Pelo Twitter, o mandatário pediu a participação dos eleitores no que chamou de "Dia de Lealdade a Chávez".

"Vamos votar todos os patriotas, para dar de presente a vitória ao nosso comandante e garantir a paz e o futuro da pátria", disse.

O líder da oposição, o ex-presidenciável Henrique Capriles, também pediu o voto e a ajuda de Deus para a jornada eleitoral. "Que hoje ninguém fique sem votar! O voto é seu, o país também. Use-o e construa o país que você merece".

Os centros de votação permanecerão abertos por doze horas e o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) antecipa que os primeiros resultados começarão a ser divulgados três horas após o fechamento das mesas, às 18h locais (20h30 de Brasília), quando eles forem irreversíveis.

As cidades grandes são as regiões que são mais disputadas entre chavistas e opositores, dentre elas Caracas e Maracaibo. Em ambos os casos, a disputa não está decidida, em especial em Maracaibo, onde o governista Miguel Pérez Pirela desafia a prefeita Eveling Trejo, mulher do opositor Manuel Rosales, exilado no Peru.

Este domingo eleitoral começou para centenas de milhares de jovens várias horas antes do amanhecer, quando saíram às ruas e avenidas de todas as cidades e povoados venezuelanos. A maioria foi a seus postos nas Unidades de Batalha Bolívar Chávez, eixo da máquina eleitoral governista.

Em um país com voto facultativo e abstenção histórica de 50% em eleições locais, as UBCH têm a tarefa de garantir cinco milhões de votos (ou seja, a metade dos votos válidos teóricos), indo buscar os simpatizantes chavistas onde eles estiverem.

O êxito da maquinaria chavista também se reflete nos apelos que a oposição improvisava pelo Twitter no sábado na conta @CaprilesPuntoTV, pedindo aos que tivessem carros que se inscrevessem para mobilizar eleitores.

CONTEXTO

A Venezuela chegou às eleições com uma inflação de 54% anual, fortes pressões sobre a cotação do dólar no ilegal mercado paralelo e escassez pontual de produtos.

Maduro, que despencava nas pesquisas até outubro, saiu ao contra-ataque em novembro e depois de se definir como um "presidente justiceiro" lançou uma ofensiva que forçou a queda de preços de produtos como televisores e sapatos, registrou comerciantes e ameaçou os que não cumprissem as regras com prisão.

Pesquisas privadas às quais a agência de notícias France Presse teve acesso detectaram que as medidas populistas, voltadas basicamente para a classe média, frearam a queda da intenção de voto dos candidatos governistas e inclusive reverteram a tendência.


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