Folha de S. Paulo


Rússia e Ucrânia terminam encontro sem acordo sobre gás e integração

Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Viktor Yanukovich, não fecharam um acordo sobre os preços do gás fornecido por Moscou e nem comentaram sobre um acordo de integração regional durante a reunião que os dois tiveram em Sochi, no sudoeste russo, na sexta-feira.

A expectativa era que os dois discutissem os assuntos, considerados parte dos motivos para que Yanukovich não assinasse um acordo com a União Europeia em 29 de novembro. A recusa ao acordo com Bruxelas irritou os opositores e milhares de pessoas, que convocaram protestos pedindo a queda do governo.

Segundo informou neste sábado o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, os dois chegaram a discutir "a cooperação energética", mas terminaram a reunião sem acordo final. O mesmo aconteceu em relação à União Euroasiática, projeto de Moscou que visa integrar ex-repúblicas soviéticas e que conta com Belarus, Armênia e Cazaquistão.

"As negociações sobre esses temas deverão continuar no nível de especialistas em um futuro próximo", afirmou.

A negativa do porta-voz é feita em meio a rumores de que Yanukovich tivesse a intenção de romper o acordo com Putin para acalmar os ânimos dos manifestantes pró-União Europeia. Segundo analistas, Kiev deverá pagar US$ 17 bilhões (R$ 40 bilhões) pelo fornecimento de gás russo e por empréstimos internacionais.

A quantia é similar às reservas financeiras do banco central ucraniano. Os especialistas também estimam em US$ 60 bilhões (R$ 141 bilhões) o total da dívida externa do país, um dos motivos que Putin pode ter usado para pressionar os ucranianos a não assinar o acordo com os europeus.

O encontro com Putin aconteceu após Yanukovich conseguir assinar um acordo comercial com a China, que prevê investimentos de US$ 8 bilhões (R$ 18,8 bilhões) na produção de grãos no país e outros US$ 3 bilhões (R$ 7,75 bilhões) em logística portuária.

Neste sábado, os manifestantes continuam a ocupar a praça da Independência, a prefeitura de Kiev e outros prédios públicos. A polícia ameaçou fazer a reintegração de posse dos prédios caso os manifestantes tentem entrar em outros edifícios estatais. A oposição convocou um novo protesto para domingo (8).


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