Folha de S. Paulo


Sepultamento de Mandela será em aldeia pobre do interior

"Alguns dos anos mais felizes da minha infância foram passados em Qunu", escreveu Mandela em seu livro de memórias.

Lá, ele usava as grandes rochas lisas das colinas como montanha russa. "E o fazíamos até que nossos traseiros doessem a ponto de não conseguirmos sentar", registrou.

É nesta modesta aldeia na província do Cabo Oriental, onde o som de um carro faz com que as galinhas fujam correndo, que o corpo do ex-presidente será enterrado.

Mandela nasceu em Mvezo, uma aldeia vizinha, estudou em Mqekezweni, também próxima, e fez fama em Johannesburgo. Mas era Qunu que ele considerava seu lar, tanto na infância quanto depois de ser libertado da prisão, quando voltou para lá a fim de construir uma casa.

A distância e a pobreza da região garantiram que Qunu continuasse quase tão silenciosa quanto era nos anos 20, quando Mandela era pastor de ovelhas e de gado nos campos.

A casa que ele construiu fica à beira de uma rodovia nacional: uma mansão cor de pêssego, com uma guarita na entrada, múltiplos muros de proteção e antenas parabólicas.

Nokwanele Balizulu, a "chefe" de Qunu, diz que ele parava para cumprimentá-la com um aceno sempre que ia para o local.

"Aqui em Qunu ele não usava terno", conta. "Vestia camisas largas e caminhava sem guarda-costas. Aqui ele estava em casa. Amava este lugar".

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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