Folha de S. Paulo


Mandela deve ser enterrado no dia 15, diz presidente da África do Sul

O ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, deverá ser enterrado em 15 de dezembro, disse o atual mandatário, Jacob Zuma, em entrevista coletiva nesta sexta-feira. O líder negro morreu na noite de quinta (5) aos 95 anos.

Os eventos públicos e o velório do ex-presidente começarão na próxima terça (10), com uma missa solene no estádio Soccer City, em Johannesburgo. O local é o mesmo onde o mandatário apareceu publicamente pela última vez, em 11 de julho de 2010, na final da Copa do Mundo no país.

África do Sul se une em luto a Mandela, mas teme nova divisão racial
Elizabeth 2ª deve enviar Charles a funeral de Mandela; veja reações

No mesmo dia 10, o corpo seguirá para Pretória, onde deverá ser velado por três dias no Union Buildings, a residência oficial da Presidência da República. A cerimônia deverá começar na quarta (11) e terminar na sexta (13), com a passagem de chefes de Estado, líderes políticos nacionais e a população.

Dois dias depois, no dia 15, o corpo do líder negro será enterrado em Qunu, aldeia onde Mandela passou a infância e onde fica o mausoléu de sua família. E no dia 16 deve ser erguida uma estátua do ex-líder em frente ao Union Buildings.

Zuma convocou para o próximo domingo (8) um dia nacional de orações e reflexões nos templos religiosos de todo o país para "refletir sobre a vida de Madiba [nome tribal de Nelson Mandela] e sua contribuição para nosso país e o mundo".

Na entrevista, o atual presidente afirmou que o amor demonstrado pelos sul-africanos e por outros países é "sem precedentes". "Isso demonstra a importância que Madiba tinha como líder. Devemos trabalhar juntos para organizar o melhor funeral possível para esse filho tão destacado do país e o pai da nossa nação".

CERIMÔNIA

O sepultamento de Mandela será um dos maiores funerais do mundo e deverá contar com a presença de dezenas de chefes de Estado e governo, além de personalidades esportivas, da música e do cinema e de milhares de sul-africanos.

A expectativa é que o número de estadistas e governantes seja próximo ao do velório de João Paulo 2º, em 2005, que teve a presença de cinco reis, seis rainhas e 70 presidentes. A presidente brasileira Dilma Rousseff já informou que deverá ir à cerimônia.

Além dela, são esperados o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o príncipe Charles, o premiê britânico David Cameron e outros representantes polêmicos, como os ditadores de Cuba, Raúl Castro, e do Zimbábue, Robert Mugabe.

Dentre as celebridades, deverão ir a ex-secretária de Estado americana Hillary Clinton, a apresentadora Oprah Winfrey, o ex-capitão da seleção de rúbgi sul-africana François Piennar, campeão do mundo em 1995 e o vocalista da banda U2, Bono Vox.

Libertado em 1990 após ter passado 27 anos atrás das grades do apartheid, Nelson Mandela se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul quatro anos depois. Foi um grande reconciliador, conquistando a admiração de ex-inimigos que ele soube escutar.

Mandela entra para a história por ter negociado com o governo do apartheid uma transição pacífica para uma democracia multirracial e por ter evitado uma guerra civil que, no início dos anos 1990, parecia praticamente inevitável.

Nelson Mandela, que completou 95 anos em 18 de julho, havia sido hospitalizado em quatro ocasiões desde dezembro de 2012, sempre por infecções pulmonares.

Os problemas estavam relacionados com as sequelas de uma tuberculose contraída durante o longo período em que passou na ilha-prisão de Robben Island, na costa de Cabo, onde passou 18 anos dos 27 de detenção nas prisões do regime racista do apartheid.


Endereço da página:

Links no texto: