Folha de S. Paulo


Nomeação de embaixador gay pelos EUA provoca polêmica na República Dominicana

O recém-nomeado embaixador dos EUA para a República Dominicana, James "Wally" Brewster, levou consigo ao país na semana passada uma novidade para um embaixador do sexo masculino: um marido.

"Meu esposo, Bob, e eu temos viajado o mundo todo, desde os confins da Ásia até as lindas praias do sul da Europa", disse Brewster em um vídeo de sua apresentação na Embaixada.

"Mas sempre voltamos para a beleza da República Dominicana", completa Bob Satawake. Eles estão juntos há 25 anos.

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Brewster chegou a Santo Domingo na semana passada para assumir o mandato.

Ao anunciar a sua nomeação ao cargo, em junho, o presidente Barack Obama elogiou "o conhecimento e a dedicação" de Brewster.

O governo dominicano aceitou rapidamente a escolha. Mas há setores que têm sido menos acolhedores.

Por vários meses, grupos religiosos do país fizeram pressão contra a nomeação. Líderes importantes da Igreja Católica classificaram a escolha como um sinal de falta de respeito de Obama com o país.

"Ele não considerou as particularidades de nosso povo. Os Estados Unidos estão tentando nos impor o casamento entre gays e lésbicas, bem como a adoção de crianças por esses casais", disse o padre Luis Rosario, diretor de ministérios jovens para a Igreja Católica.

O cardeal Nicolas de Jesús López Rodríguez criticou várias vezes a escolha de Brewster desde o anúncio.

A imprensa local informou que uma igreja evangélica fez um chamado para protestos, pedindo às pessoas que amarrem fitas pretas em seus carros, de acordo com relatos da mídia local. Grupos de defesa de direitos gays do país elogiaram a nomeação.

Um editorial do jornal "El Nacional" discutiu as propostas de Brewster descritas no vídeo de sua apresentação e exortou os leitores a não se concentrarem tanto em sua orientação sexual, que "tem gerado mais atenção do que a sua missão diplomática".


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