Folha de S. Paulo


Repressão a protesto pró-UE termina em violência na Ucrânia

Terminou em violência uma operação feita pela polícia de Kiev na madrugada deste sábado para dispersar um protesto contra a decisão do governo da Ucrânia de, por pressão da Rússia, não assinar um acordo comercial com a União Europeia (UE).

Dezenas de pessoas ficaram feridas. Outras dezenas foram presas.

Segundo testemunhas, a operação visava cerca de mil jovens que permaneciam na Praça da Independência, no centro de Kiev.

Horas antes, milhares de manifestantes da oposição tinham formado uma corrente humana para unir a Ucrânia à Europa.

Segundo o deputado e ex-jogador de futebol, Andriy Shevchenko, os jovens "foram agredidos com cassetetes, arrastados pelo chão e agredidos nas pernas, e pelo menos uns 30 foram levados para hospitais". "Limparam a praça de forma selvagem. Há dezenas de feridos. Dezenas de detidos. Isto nunca tinha sido visto na Ucrânia", afirmou Shevchenko via Twitter.

O embaixador dos Estados Unidos na Ucrânia, Geoffrey Pyatt, não tardou em criticar, também no Twitter, o uso da violência contra manifestantes pacíficos.

Neste sábado, a praça permanece tomada pelas forças de segurança, que retiram os cartazes e os restos das fogueiras com as quais os jovens se aqueciam.

Inna Sokolovska /Reuters
Polícia dispersa protesto pró-UE em praça de Kiev, na Ucrânia; houve confronto, e dezenas de pessoas ficaram feridas
Polícia dispersa protesto pró-UE em praça de Kiev, na Ucrânia; houve confronto, e dezenas de pessoas ficaram feridas

ACORDO

Na sexta-feira (30), a Ucrânia confirmou que não assinaria um Acordo de Associação com a UE. O documento selaria a aproximação do país com o Ocidente, mas acabou dispensado graças à pressão de Moscou. Desde 21 de novembro, os ucranianos vão às ruas de Kiev com frequência para protestar contra a decisão.

O presidente ucraniano, Viktor Yanukovytch, garantiu nesta sexta em Vilnius, capital da Lituânia, durante uma cúpula entre UE e os países da Associação Oriental, que ainda quer assinar o acordo, mas, ao mesmo tempo, voltou a pressionar para que as negociações incluam a Rússia.

Os líderes da oposição ucraniana, que é pró-UE, exigem a renúncia do presidente.


Endereço da página: