Folha de S. Paulo


Brasil e Uruguai pressionam haitianos a realizar eleição

Os governos do Brasil e do Uruguai, os dois países que mais contribuem com tropas no Haiti, enviaram seus chanceleres a Porto Príncipe nesta semana para pressionar o governo haitiano a manter o funcionamento das instituições democráticas do país.

A principal preocupação hoje é a indefinição sobre as eleições para o Senado, que já está funcionando com apenas dois terços dos seus assentos e poderia perder outro terço em janeiro --ficando incapacitado de legislar.

Um cenário de instabilidade política poderia não só ameaçar o avanço democrático construído no país nos últimos anos como atrasar ainda mais a retirada das tropas da missão de paz da ONU, comandadas pelo Brasil desde 2004.

O chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, e o colega uruguaio, Luis Almagro, tiveram reuniões separadas com o presidente haitiano, Michel Martelly, na quarta-feira (27) para falar sobre o tema.

Segundo a Folha apurou, o mandatário disse a Figueiredo estar comprometido com o processo democrático e com a realização de eleições para o Senado e afirmou que não haverá "vácuo" no Legislativo.

Segundo o secretário da Presidência uruguaia, Diego Cánepa, Almagro e o subsecretário de Defesa, Jorge Menéndez, foram transmitir a Martelly "a necessidade de que se cumpram as condições para avançar nos temas sociais e políticos do Haiti".

Na mesma tarde, o Congresso haitiano aprovou a reforma eleitoral, requisito crucial para a realização das eleições para o Senado.

RETIRADA

Antes de seguirem para Porto Príncipe, os chanceleres dos dois países tinham se reunido em Nova York com o subsecretário-geral para Operações de Manutenção de Paz da ONU, Hervé Ladsous, para estudar o retiro gradual das tropas uruguaias.

Editoria de Arte / Folhapress

O presidente José Mujica já havia anunciado a decisão de trazer de volta seu efetivo, hoje em cerca de 850 militares.

Em entrevista à Folha/UOL na última quarta-feira, o ministro da Defesa, Celso Amorim, também disse que o Brasil não será "uma guarda pretoriana de nenhum presidente haitiano", mas que a retirada tem que ser "responsável". Dos 5.021 militares da missão, cerca de 1.120 são brasileiros.

Ainda não há data para o início da retirada.

O efetivo total já foi reduzido em 44% desde 2010. Para Amorim, o "desejável" é que as tropas estejam preparadas para sair após as próximas eleições, em 2016.


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