Folha de S. Paulo


ONU marca conferência de paz sobre Síria para 22 de janeiro

A ONU anunciou nesta segunda-feira (25) que uma conferência internacional sobre a Síria será realizada em Genebra em 22 de janeiro, com o objetivo de estabelecer um governo de transição dotado de plenos poderes executivos.

O encontro, adiado há meses, foi chamado de "missão de esperança" por Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU. Há um clima de otimismo, em parte pela expectativa de que o acordo recém-fechado com o Irã influencie a questão síria.

Os iranianos são os principais apoiadores do regime do ditador Bashar al-Assad, enquanto os EUA patrocinam grupos rebeldes.

A reunião deverá contar com representantes das potências mundiais, da oposição e do regime sírio. Não está claro, porém, se o governo iraniano vai participar.

"A conferência é um veículo para a transição pacífica que preencha as aspirações de todo o povo sírio por liberdade e dignidade", afirmou Ban em comunicado.

A Síria vive uma grave crise política desde março de 2011, quando foi iniciada a insurgência, em seguida reprimida por Assad. Mais de 100 mil pessoas já morreram, segundo as Nações Unidas.

As chances de a conferência ser bem-sucedida, no entanto, podem ficar menores pelo fato de que facções extremistas se recusam a fazer parte do diálogo. Entre elas, frentes islamitas ligadas à rede terrorista Al Qaeda, como a influente Jabhat al-Nusra.

Está em aberto, também, o futuro político de Assad. Parte da comunidade internacional pede a sua saída; Rússia e China não veem na deposição uma condição para uma transição política.

Laui Safi, porta-voz da Coalizão Nacional Síria, de oposição, afirmou à rede Al Jazeera que o grupo só participará da conferência caso Assad não integre possível governo de transição.

Apesar das negociações para o encontro internacional, as disputas na Síria continuaram nesta segunda-feira durante a tarde, com grande ofensiva em Damasco e Aleppo, em uma intensificação dos embates dos últimos dias.

Os rebeldes buscam romper o cerco em seus bastiões para, assim, reabastecer os seus armamentos.


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