Folha de S. Paulo


Obama diz que acordo nuclear com o Irã torna o mundo mais seguro

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assegurou neste sábado (madrugada de domingo em Brasília) que o acordo fechado em Genebra sobre o programa nuclear iraniano "torna o mundo mais seguro".

Obama confirmou que o acordo congelará durante os próximos seis meses o programa nuclear do Irã com o objetivo de que este seja voltado "completa e exclusivamente para objetivos pacíficos".

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O entendimento entre Teerã e o Grupo 5+1 (formado por EUA, China, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha) foi selado nesta madrugada, em encontros que reuniram ministros e secretários de relações exteriores.

Pelo acordo, o Irã deverá parar o enriquecimento de urânio acima de 5% e diminuir as reservas existentes, de cerca de 200 quilos, a 20% da quantidade atual.

O país também não poderá aumentar as reservas de urânio enriquecido a 3,5% e, além disso, terá de se submeter a controles por parte dos analistas da Agência Internacional de Energia Atômica.

Em troca da paralisação das atividades nucleares, haverá um alívio nas sanções internacionais. O Irã poderá repatriar US$ 4,2 bilhões procedentes das exportações de petróleo bloqueados em bancos estrangeiros e obter US$ 1,5 bilhão com a venda ao exterior de produtos petroquímicos e automotivos.

REPERCUSSÃO

Para o presidente francês, François Hollande, o entendimento "constitui uma etapa rumo ao fim do programa militar nuclear iraniano e, portanto, a uma normalização de nossas relações com o Irã".

"O acordo alcançado respeita as exigências feitas pela França em matéria de armazenamento e de enriquecimento de urânio, da suspensão da abertura de novas instalações e de controle internacional", disse Hollande em comunicado.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, considerou o trabalho como um "passo decisivo para a segurança global e a estabilidade."

Por meio de comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia destacou que a solução encontrada em Genebra influirá positivamente na situação no Oriente Médio e, em particular, ajudará a "superar a perigosa tendência dos últimos anos, quando se tentou resolver pela força situações conflituosas e de crise na região".

O líder supremo da República Islâmica do Irã, aiatolá Ali Khamenei, felicitou o governo liderado pelo presidente Hassan Rohani pelos resultados e, por meio de uma carta, deu sinal verde para a negociação continuar.

Editoria de arte/Folhapress

COMISSÃO

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, disse que uma comissão conjunta ficará encarregada de verificar a implantação do acordo fechado neste domingo.

Em entrevista coletiva, Zarif se declarou confiante de que este acordo "vai na direção correta" para restaurar a confiança de quem suspeitava que as atividades nucleares do Irã pudessem ter fins militares.

No entanto, acrescentou que se trata de "um primeiro passo" e que agora todas as partes devem continuar trabalhando juntas "e sobre uma base de igualdade e respeito mútuo" para garantir este resultado a longo prazo.


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