Para John Kennedy permanecer no cargo, seria fundamental manter uma política de contenção do comunismo. Democratas como ele tinham de soar mais belicosos que os republicanos e também agir como tal, para evitar a acusação de estarem sendo "molengas" com o inimigo da Guerra Fria.
Não existe, entretanto, consenso entre historiadores do período sobre o que poderia ter acontecido num segundo mandato seu.
Kennedy intensificou a intervenção na guerra civil do Vietnã, mas tinha grandes dúvidas sobre a possibilidade de vencer o conflito.
Em 1963, ainda estava esperando relatórios confiáveis sobre a situação do país para tomar uma decisão.
Kennedy era particularmente fã das forças especiais militares, como os boinas verdes do Exército. Uma estratégia de contrainsurgência com apoio dessas forças especiais poderia ter, quem sabe, ganho a guerra.
O que se viu foi o contrário: um general americano, William Westmoreland, obcecado pelo poder de fogo.
O Vietnã do Sul foi pulverizado, alienando o campesinato e impedindo que o governo se estabelecesse.
A estratégia foi revista pelo seu sucessor, o general Creighton Abrams. Mas já era tarde para ganhar a guerra, especialmente devido ao cansaço americano --do governo e do público-- em continuar o conflito.
Kennedy fez frente aos soviéticos na crise dos mísseis de 1962, mas também se empenhou em criar um tratado proibindo testes nucleares no ar e no mar. Em um segundo mandato, sem ter que pensar em reeleição, poderia ser mais ousado ao negociar com os soviéticos.
Ao contrário da sua retórica na eleição de 1960, ele sabia que os EUA eram muito mais poderosos em armamento nuclear que a União Soviética. Não haveria, então, dificuldade em assinar tratados de redução de armas nucleares ou se aproximar da China comunista.
Ironicamente, essas seriam importantes obras posteriores do presidente republicano Richard Nixon, vencido em 1960 por Kennedy.
RICARDO BONALUME NETO é jornalista especializado em temas militares