Folha de S. Paulo


Kerry "compreende" preocupações da América Latina com vigilância

O secretário de Estado americano, John Kerry, manifestou nesta segunda-feira sua compreensão pelas preocupações expressadas por vários países latino-americanos em relação às revelações sobre a espionagem realizada pela Agência de Segurança Nacional (NSA).

Em seu primeiro discurso perante a Organização dos Estados Americanos (OEA) em Washington, Kerry enfatizou a necessidade de aprofundar a união dos países do hemisfério e continuar trabalhando "nos valores democráticos compartilhados" os quais, disse, "permitiram capear desafios como as preocupações compreensíveis em torno das revelações sobre (as atividades de) vigilância".

O secretário de Estado insistiu, além disso, que o êxito das democracias "depende que todos os cidadãos tenham uma voz, e no respeito a essas vozes", assim como de que "todos os governos tenham a coragem e a capacidade de escutar essas vozes".

Brasil e México, especialmente, denunciaram as práticas de espionagem por parte dos Estados Unidos a dirigentes na América Latina e outras regiões no final do mês passado.

A presidente Dilma Rousseff, que adiou uma visita de Estado que tinha programada em outubro a Washington em protesto por essa espionagem, denunciou que as práticas dos EUA representam "uma violação" da soberania do Brasil, "uma afronta" e "uma falta de respeito" que não pode ser justificada em nome da luta contra o terrorismo.

Por sua parte, o México, vizinho e maior parceiro comercial latino-americano dos EUA, anunciou uma "investigação exaustiva" e convocou o embaixador americano, Anthony Wayne, depois que a revista alemã "Der Spiegel" revelou que a NSA espionou líderes mexicanos, incluindo o então presidente Felipe Calderón.

Perante as reiteradas denúncias, que também chegaram de aliados europeus como a Alemanha, França e Espanha, o presidente americano, Barack Obama, prometeu revisar as políticas de vigilância, que justifica como necessárias para a luta antiterrorista.


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