Folha de S. Paulo


Análise: Estado palestino viável depende de criar base econômica

As companhias privadas são tema de intensa atenção internacional nos dias que antecedem o lançamento da Iniciativa Econômica para a Palestina, um projeto de US$ 4 bilhões anunciado pelo secretário de Estado dos EUA, John Kerry, durante conversações de paz entre Israel e Palestina.

O plano, a ser lançado em alguns dias ou semanas, vai ao cerne da capacidade palestina de criar a base econômica de um Estado viável e tenta determinar se Israel permitirá que os palestinos façam isso.

Ele surgiu devido à compreensão, por países que financiam a Autoridade Palestina, de que uma situação econômica que envolve deficits crônicos, pobreza generalizada e desemprego da ordem de 25% --40% entre os jovens-- é insustentável.

As sucessivas rodadas de negociações de paz fracassadas das duas últimas décadas pouco fizeram pela construção de uma economia palestina independente, que seja capaz de se dissociar de Israel e de bancar as suas próprias contas quando chegar a independência.

O plano propõe grandes projetos em oito setores industriais, a serem apoiados por investidores estrangeiros e empréstimos.

GÁS E TURISMO

Vão da extração de gás nas águas ao largo da faixa de Gaza à mineração de potássio no mar Morto. E incluem empreendimentos de turismo na Terra Santa, como em Belém.

A economia palestina é sustentada pela comunidade internacional desde os acordos de Oslo, que deveriam ter criado um Estado palestino independente em 1999.

Países e organizações contribuem com cerca de US$ 1,5 bilhão ao ano para o Orçamento e em apoio a projetos. E já investiram mais de US$ 20 bilhões desde então.

A maior parte do dinheiro vai para os salários do funcionalismo e para ajudar a financiar o deficit da Autoridade Palestina, já que economia privada está paralisada devido ao conflito político e aos controles de Israel sobre os movimentos, recursos e licenças para empreendimentos nos territórios ocupados.

A economia da Cisjordânia, após se recuperar do caos causado pela segunda Intifada passou, pela primeira vez em uma década, por uma contração no primeiro semestre deste ano.

O Banco Mundial atribuiu o problema a uma queda na assistência externa e aos limites impostos por Israel na Área C, os 61% da Cisjordânia controlados diretamente pelos israelenses.

No mês passado, o banco estimou que relaxar as restrições na Área C propiciaria ganho de US$ 3,4 bilhões à economia palestina, cerca de 35% do PIB dos territórios.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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