Folha de S. Paulo


Parecia tsunami, dizem moradores de área afetada

"Foi tudo muito rápido. Em menos de um minuto eu estava com a água pelo pescoço. Peguei minha mãe no colo e a levei para o terraço. Quando chegamos a casa já estava toda inundada".

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Com pequenas variações, o relato assustado do estudante Brian Gerilla se repete entre os moradores de Tacloban, surpreendidos na manhã da última sexta-feira por ondas gigantescas.

O resultado foi uma devastação que se iguala aos mais exagerados filmes catástrofe produzidos por Hollywood.

Telhados voaram como se fossem de papel. Carros foram lançados a centenas de metros de distância. Ventos de mais de 300 km/h arrancaram milhares de palmeiras pela raiz. Casas foram reduzidas a pilhas de escombros.

"Tsunami! Tsunami!", exclamavam os moradores aos estrangeiros que chegavam a Tacoblan, comparando o tufão Haiyan (que nas Filipinas é chamado de Yolanda) ao maremoto no oceano Índico que matou mais de 200 mil pessoas em 2004.

A dona de casa Rhodalyn Odali contou que o tufão chegou com um barulho ensurdecedor. "Parecia o ronco de um avião que está muito perto. Gritei para os meus filhos, mas ninguém ouvia nada."

A intensidade do tufão pegou de surpresa até quem estava muito bem informado sobre a previsão meteorológica, como era o caso do subprefeito de Tacoblan, Jerry Sambo Yaokasin.

Sua casa, que fica entre o mar e uma baía, levou um impacto duplo. "Eu já esperava que viesse uma grande onda do mar, mas formou-se outra na baía e as duas se chocaram", diz ele.

Jerry havia preparado um dos quartos de sua casa com suprimentos e se instalou com a mulher e os três filhos no bunker improvisado.

Mas a inundação foi tão rápida que ele não conseguiu abrir a porta. Teve que quebrar uma janela para salvar a família. Muita gente morreu, diz ele, por não ter levado a sério os alertas.
"Dois dias antes eu rodei a cidade avisando as pessoas. Mas estava sol e muita gente não acreditou", diz ele.

O estudante Brian Gerilla rebate a crítica. "Disseram que haveria uma tempestade, mas deixaram de dizer uma palavra-chave: tsunami".

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

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