Folha de S. Paulo


Kasparov quer passaporte letão para evitar que Kremlim o impeça de viajar

Garry Kasparov, o ex-campeão mundial de xadrez e opositor ao presidente russo Vladimir Putin, explicou nesta quarta-feira que começou os trâmites para obter a cidadania letã, por medo de que o Kremlim coloque obstáculos as suas viagens ao exterior.

"Há um mês anunciei minha intenção de competir pela presidência da Federação Internacional de Xadrez (FIDE)", cujo atual presidente, Kirsan Iliumzhinov, que ocupa este posto desde 1995, é apoiado pelas autoridades russas, indicou Kasparov em uma mensagem publicada em seu site.

"A campanha (...) requer deslocamentos permanentes em todo o mundo (...) e nos meses que faltam antes da eleição devo visitar mais de 50 países", acrescentou Kasparov, de 50 anos, que atualmente vive no exterior por medo de ter problemas judiciais na Rússia.

Portanto, "já que meu adversário principal é Kirsan Ilumzhinov, que conta com o apoio das autoridades russas, não posso deixar minha liberdade de movimentos nas nãos do ministério das Relações Exteriores de Vladimir Putin", explicou Kasparov.

Alexey Sazonov/AFP
Garry Kasparov, campeão mundial de xadrez e oposicionista russo, em tribunal após ser preso em protestos em foto de 2007
Garry Kasparov, campeão mundial de xadrez e oposicionista russo, em tribunal após ser preso em protestos em foto de 2007

"Este é o principal motivo pelo qual quero ter a dupla cidadania", acrescentou, destacando que não renunciará à cidadania russa.

Por sua vez, Kasparov disse que sente um afeto especial pela Letônia, já que sua ex-esposa é letã e seu filho tem um visto de residência no país.

O famoso jogador de xadrez reiterou que "a libertação da Rússia do regime de Putin e sua transformação em um Estado democrático europeu" eram suas tarefas prioritárias.

Garry Kasparov foi um dos fundadores dos movimentos opositores A Outra Rússia e Solidariedade, convertendo-se em um dos principais adversários do Kremlin.

Nos últimos anos limitou-se principalmente a ser o porta-voz da oposição no exterior. Em junho anunciou em Genebra que não voltaria à Rússia, por medo de ser processado devido as suas atividades políticas.


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